Quinta-feira, 16 de outubro-(10) de 2025
Troca de tiros
aconteceu na segunda-feira (13). Um outro homem que ficou ferido no tiroteio
está internado. Polícia Civil investiga o caso.
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Homem
morto em briga de bar era neto da líder sindical Margarida Maria Alves - Foto:
TV Cabo Branco. |
O homem que morreu durante uma troca de tiros em
frente a um bar no bairro do Geisel, em João Pessoa, identificado como Afonso
Henrique, de 29 anos, era neto da líder
sindical Margarida Maria Alves. As informações foram repassadas pelo
pai da vítima, Arimateia Alves, para a TV Cabo Branco.
Afonso
Alves foi enterrado nesta quarta-feira (15) no cemitério do bairro do Cristo,
em João Pessoa. O pai dele disse em entrevista que sentia a morte do filho era
a segunda trágica na vida dele, após a morte da mãe, Margarida Maria Alves.
"Essa
é a segunda tragédia em minha vida, a primeira eu sou filho de Margarida Maria
Alves, líder sindical de Alagoa Grande, vi minha mãe sendo assassinada, e hoje
meu filho também assassinado", disse.
O pai disse que após a morte de Afonso a família quer
respostas do motivo da morte, o que levou à troca de tiros no bar.
"A gente quer resposta, quer Justiça,
independente do que foi feito lá e o que aconteceu. A gente não sabe, mas a
terceira pessoa, ou quarta, que atirou no meu filho a polícia tem que descobrir
quem foi. Se ele atirou, mas nada justifica uma outra pessoa atirar para matar,
porque não atirou um, dois, três tiros para conter a ação", ressaltou.
O Jornal da Paraíba entrou em contato com a Polícia Civil, por meio da
delegada-chefe do Núcleo de Homicídios da capital, Luisa Correia, que informou
não poder dar detalhes das investigações, mas que os trâmites estão em curso
para resolver o caso.
O homem morto deixa uma esposa e dois
filhos menores de idade, de acordo com o pai. Ele disse também que Afonso
trabalhava como garçom.
Para o Jornal da Paraíba, o
Hospital de Trauma, para onde o outro homem, de 34 anos, baleado na troca de
tiros, foi levado, confirmou que ele segue internado com estado de saúde
estável.
Entenda
o caso
A
troca de tiros aconteceu na última segunda-feira (13). Segundo a Polícia Civil,
as vítimas se desentenderam e trocaram tiros entre si. O outro homem que foi
baleado tem 34 anos.
Imagens
gravadas por clientes do bar mostram a correria no momento dos disparos. Em
nota divulgada nas redes sociais, a administração do estabelecimento se
pronunciou informando que a situação aconteceu em local externo, na Avenida
Juscelino Kubitschek, e não dentro do bar.
Ainda
de acordo com a polícia, os dois homens foram socorridos pelo Samu e Corpo de
Bombeiros e levados para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa.
Segundo a assessoria da unidade hospitalar, a vítima de 29 anos passou por
procedimento cirúrgico mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Quem
era Margarida Maria Alves
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Sindicalista Margarida Maria Alves foi assassinada durante a ditadura militar - Foto: divulgação. |
A líder sindical Margarida
Maria Alves foi assassinada em 1983 por motivos políticos na Paraíba.
Ela nasceu em 5 de agosto de 1933, em Alagoa Grande, no Brejo do estado.
Ela
foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande. Durante 12 anos na presidência da
entidade, lutou para que os trabalhadores do campo tivessem seus direitos
respeitados, como carteira de trabalho assinada, férias, 13º salário e jornada
de trabalho de 8 horas diárias.
A
líder sindical se transformou em símbolo de resistência e luta contra a
violência no campo, pela reforma agrária e fim da exploração dos trabalhadores
rurais.
Margarida
Maria Alves foi morta na frente de sua casa em 12 de agosto de 1983 com um tiro
de escopeta calibre 12 no rosto, disparado por um pistoleiro. Na hora do crime
ela estava acompanhada do esposo e do seu filho pequeno.
As
denúncias de abusos e desrespeito aos direitos dos trabalhadores nas usinas da
região, feitas por Margarida, resultaram no seu assassinato, encomendado por
fazendeiros.
Quando
Margarida foi assassinada, 72 ações trabalhistas estavam sendo movidas contra
os fazendeiros locais. Após mais de 40 anos, nenhum acusado pela morte da
sindicalista foi condenado.
Por: Jornal da
Paraíba