Sábado, 04 de outubro-(10) de 2025
Brasil registra mais de 100 notificações relacionadas à
intoxicação por metanol. Paraíba não tem casos
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| Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, desenvolveram uma forma rápida de identificar a adulteração em bebidas. Divulgação/Secom |
Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba
(UEPB), em Campina Grande, desenvolveram uma forma rápida de identificar a
adulteração em bebidas alcoólicas com metanol. O Brasi registra mais de 100
notificações relacionadas à intoxicação por metanol, de acordo com o Ministério
da Saúde. Nenhum caso foi registrado na Paraíba até o momento.
De
acordo com o professor responsável pelas pesquisas na universidade, David
Fernandes, os estudos aconteciam antes dos casos de intoxicação por metanol, mas
com intuito voltado para avaliar a qualidade de destilados produzidos no
interior da Paraíba, como cachaças, por exemplo.
Com o surgimento do problema de intoxicação por metanol,
que ainda não existe uma causa clara, os pesquisadores adicionaram ao programa
formas de descobrir a adulteração.
“Com esse estudo, a gente conseguiu obter uma
classificação na identificação de cachaças que poderiam estar adulteradas com
metanol, com outros constituintes que são participantes da destilação, como
álcool superior, e tivemos uma taxa de classificação de 97%. É um resultado
rápido e de baixo custo”, ressaltou.
Bebidas destiladas são bebidas alcoólicas
que passam por um processo de destilação, após a fermentação, para aumentar a
concentração de álcool e remover impurezas.
O metanol é um álcool usado industrialmente
em solventes e outros produtos químicos, é altamente perigoso quando ingerido.
Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que
comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma
e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.
De acordo com o professor, o processo para auferir a
contaminação por metanol é utilizado um equipamento que emite luz infravermelha
na garrafa da bebida, que pode estar lacrada. Essa luz provoca uma agitação nas
moléculas do líquido e um software recolhe os dados, interpreta as informações
e identifica qualquer substância que não faz parte da composição original.
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| Reprodução/TV Globo |
“Essa metodologia foi capaz de, além de identificar
se a cachaça estava adulterada com compostos que são característicos da própria
produção, que são álcool superiores, metanol, ou se foi alguma alteração
fraudulenta como água ou algum outro composto”, disse.
O
método não utiliza produtos químicos e já em 2025 os pesquisadores publicaram
dois artigos sobre a pesquisa na Revista Food Chemistry, uma das principais
dedicadas à química e bioquímica dos alimentos no mundo.
Esse
equipamento pode ser utilizado por órgãos controladores em meio às
fiscalizações não somente acerca do metanol em bebidas destiladas, mas também
em fiscalizações de rotina. Dentro dessa inovação, os pesquisadores também
trabalham para desenvolver um canudo que muda de cor para mostrar a
adulteração.
“Isso
vai fazer com que usuário também tenha uma segurança de quando eu estiver
consumindo a bebida, de que bebida não tem o teor de metanol”, explicou.
Ainda
não há previsão para o desenvolvimento desse canudo. Na Paraíba, não há casos
informados de intoxicação por metanol em bebidas.
Por: Jornal da Paraíba


