Quarta-feira, 10 de dezembro-(12) de 2025
Acidente ocorreu em um momento de
tensão social em Fez, antiga capital do país e terceira maior cidade marroquina
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| (Reprodução/AP) |
O desabamento de dois prédios em Fez,
uma das cidades mais antigas e populosas do Marrocos, matou 22 pessoas e feriu
outras 16 na madrugada desta quarta (10), segundo a mídia estatal. As
construções, ambas de quatro andares e vizinhas entre si, ficavam no bairro
Al-Mustaqbal e abrigavam oito famílias.
Segundo a Prefeitura de Fez, equipes de
segurança, socorro e proteção civil foram enviadas ao local assim que o colapso
foi comunicado, iniciando operações de busca e resgate.
A emissora estatal SNRT informou que os
edifícios já apresentavam “sinais de rachaduras há algum tempo”, sem que
medidas preventivas tivessem sido adotadas. A extensão dos danos ainda não pôde
ser verificada de forma independente, e o Ministério do Interior não se
pronunciou de imediato.
O acidente ocorreu em um momento de
tensão social em Fez, antiga capital do país e terceira maior cidade
marroquina. Há dois meses, o município foi um dos epicentros de protestos
contra o governo, impulsionados pela precariedade dos serviços públicos.
As manifestações, em outubro, foram
lideradas por jovens e também expuseram o descontentamento com a pobreza e o
que ativistas chamaram de abandono estatal, enquanto o governo desenvolve
projetos de modernização para a Copa do Mundo de 2030. Os protestos, inspirados
por revoltas ocorridas no Nepal, Madagascar e Peru, evoluíram para distúrbios.
Três pessoas foram mortas a tiros ao tentar invadir uma sede policial, e mais
de 400 acabaram detidas, antes que a violência diminuísse.
A tragédia, portanto, reacende o debate
sobre desigualdades no Marrocos. Enquanto o noroeste do país concentra a maior
parte da população, das atividades financeiras e da infraestrutura estratégica,
outras regiões dependem de setores considerados mais vulneráveis, incluindo
agricultura, pesca e turismo.
Também evidencia a precariedade
habitacional no país. Em janeiro, o secretário de Estado da Habitação, Adib Ben
Ibrahim, afirmou que cerca de 38,8 mil edifícios em todo país foram incluídos
em categoria que aponta risco de desabamento.
O episódio é um dos mais graves desde
2010, quando a queda de um minarete na também cidade histórica de Meknes deixou
41 mortos. O governo ainda não comentou se há relação entre o colapso dos
prédios e denúncias de negligência estrutural, apontadas por moradores e pela
imprensa estatal.
Por: Folhapress

