Quinta-feira, 25 de dezembro-(12) de 2025
Matéria da Band/Uol
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| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo |
Um médico
de 75 anos, correntista do Bradesco há quase quatro décadas, perdeu mais de R$
85 mil após ser alvo de uma modalidade sofisticada de estelionato conhecida
como “golpe do falso gerente”. A fraude, detalhada em reportagem do Brasil
Urgente, baseia-se na manipulação tecnológica para que o número de telefone do
criminoso apareça no visor da vítima como se fosse o contato oficial da agência
bancária.
O crime
começou com uma ligação de um homem que se identificou como gerente geral da
unidade onde o idoso possui conta. O interlocutor afirmou que o banco
investigava descontos indevidos em contas de clientes e que precisava da colaboração
da vítima para verificar a idoneidade de funcionários internos. Para dar
veracidade à farsa, o criminoso realizou uma chamada de vídeo e apresentou uma
planilha com supostas retiradas vultosas da conta do médico.
Manipulação e uso de biometria
Durante
três dias de interação, os golpistas conseguiram isolar a vítima, convencendo-a
a não comparecer pessoalmente à agência sob o pretexto de não atrapalhar a
investigação interna. O estelionatário chegou a utilizar a imagem da gerente
direta do médico para ganhar confiança. “Veio a foto da Jaqueline… eram os
golpistas atuando em nome de determinadas pessoas”, relatou a vítima.
Para
tranquilizar o idoso, os criminosos enviaram comprovantes falsos de
cancelamento de transações. No entanto, enquanto simulavam a proteção do
patrimônio, realizavam transferências reais. Em determinado momento, os
fraudadores conseguiram que o médico utilizasse o recurso de biometria facial,
o que permitiu a liberação de valores elevados. O idoso, que atualmente luta
contra um câncer, teve três pedidos de ressarcimento negados pela instituição
financeira.
Técnica de Spoofing
O caso
não é isolado. Uma jornalista relatou ao Brasil Urgente ter recebido uma
ligação idêntica, originada do mesmo número de telefone de seu gerente real.
Ela não caiu no golpe por notar erros de linguagem no interlocutor. Ao procurar
o banco, foi informada de que outros clientes haviam sido abordados na mesma
tarde.
O
advogado especialista em crimes cibernéticos ouvido pela reportagem explica que
a técnica é chamada de spoofing. Por
meio de aplicativos de computador, os criminosos conseguem mascarar a origem da
chamada, fazendo com que o identificador de chamadas do celular mostre o número
legítimo do banco.
Dados da
Serasa indicam que o Brasil registrou quase 7 milhões de tentativas de fraude
no primeiro semestre deste ano, um aumento de 30% em relação ao ano anterior.
Mais da metade dessas ocorrências envolvem bancos e emissores de cartões.
Em nota,
o Bradesco informou que utiliza mecanismos para identificar riscos e dispara
alertas em transações suspeitas. O banco afirmou ainda ter adotado a solução de
“origem verificada” da Anatel para autenticar chamadas. Sobre o caso específico
do médico, a instituição declarou que, por questões de sigilo, trata o assunto
diretamente com o cliente.
Outros casos
Durante o
ano, o Brasil Urgente noticiou outros casos semelhantes. Em junho, uma
aposentada de 72 anos foi vítima do golpe 0800, onde criminosos
enviam mensagens de texto no celular sobre o agendamento de transferências
bancárias e pediam para ligar em um número de telefone em caso de
desconhecimento da operação.
Em
outubro, um streamer
com câncer perdeu R$ 160 mil em golpe digital durante uma transmissão.
O caso aconteceu na Letônia e acende um alerta para o risco de malwares. O
Brasil é o 2º país mais afetado por roubo de dados de cartões.
Por: Band/Uol

