Domingo, 23 de abril de 2017
Imagem de um planeta
em órbita divulgada no dia 22 de setembro de 2016
Um novo planeta entrou nesta
quarta-feira no restrito círculo de astros capazes de abrigar sinais de vida
fora do sistema solar.
"Não poderíamos sonhar com um candidato melhor para iniciar
uma das maiores investigações da ciência: a busca de provas de vida fora da
Terra", afirmou Jason Dittmann, do Harvard-Smithsonian Center for
Astrophysics de Cambridge (Estados Unidos), coautor de um estudo publicado na
revista científica Nature.
O exoplaneta, batizado LHS 1140b, foi descoberto em volta de uma
estrela da constelação Cetus, situada a cerca de 40 anos-luz da Terra (um
ano-luz equivale a 9,460 trilhões de km).
Apesar de não ser o primeiro "primo" da Terra que os
astrônomos descobrem, o LHS 1140b "tem vantagens", segundo Xavier
Bonfils, astrônomo do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica) francês no
Observatório de Ciências do Universo de Grenoble (leste).
O exoplaneta orbita na zona habitável da sua estrela, ou seja,
está "a uma distância da sua estrela que permite a presença de água
líquida na sua superfície, o que é indispensável para a vida", explica
Jason Dittmann.
Dos milhares de exoplanetas detectados até agora, apenas algumas
dezenas se encontram, como o LHS 1140b, em uma zona habitável.
Outra vantagem do LHS 1140b é que sua estrela anfitriã é muito
luminosa e sua órbita está corretamente inclinada no céu em relação a nós. A
cada 25 dias, ao transitar diante da sua estrela, projeta uma sombra que pode
ser bem observada a partir da Terra.
Os astrônomos, que se basearam nas observações do espectógrafo
Harps, instalado em um telescópio do ESO (Observatório Europeu Austral) no
Chile, puderam definir o raio e a massa do LHS 1140b.
Seu raio mede quase uma vez e meia o da Terra, e sua massa é
seis vezes maior que a do nosso planeta. Os astrônomos deduziram que o
exoplaneta é rochoso, como o nosso.
Para encontrar vida, os cientistas procuram planetas similares à
Terra.
Em fevereiro, cientistas anunciaram a descoberta de sete
planetas do tamanho da Terra, dos quais três poderiam abrigar oceanos de água
líquida, orbitando uma estrela-anã TRAPPIST-1.
Os cientistas aguardam impacientes o lançamento, previsto para
outubro de 2018, do telescópio espacial James Webb (JWST), cem vezes mais
potente que o Hubble, que permitirá estudar esses exoplanetas e descobrir se
possuem atmosfera.
Depois, deverão definir se estas atmosferas contêm rastros de
oxigênio, outro elemento essencial para a vida como a conhecemos.
AFP