Segunda-feira, 10 de julho de 2017
Uma combinação perfeita de fatores
climáticos, topográficos e técnicos fazem com que a cachaça de alambique da
Paraíba, no Nordeste brasileiro, tenha um diferencial em relação às demais
produzidas no país. O segredo, segundo especialistas da bebida, é que o clima e
o solo da região permitem que a cana absorva nutrientes que dão à branquinha um
sabor diferente, tipicamente local, como acontece no terroir nos vinhos.
“A fermentação é
muito importante para a composição do sabor. Na Paraíba, a maioria dos engenhos
adota a fermentação natural, em que os microrganismos da própria cana-
de-açúcar são responsáveis pelo processo. Chamados de leveduras selvagens, eles
carregam em si o DNA da região produtora e dão gosto à cachaça. As bebidas
produzidas aqui costumam ter aroma e sabor frutado”, explica Mucio Fernandes,
presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça – IBRAC e diretor do Engenho São
Paulo, o maior produtor de cachaça de alambique do Brasil.
Mas não é só pelo
sabor que as cachaças da Paraíba se distinguem. Hábitos de consumo adotados na
região dão versatilidade à bebida e ampliam as possibilidades de combinações.
“Costumes como apreciar a cachaça gelada ganharam força por aqui nos últimos 10
anos. Quando resfriada, ela fica ainda mais saborosa, porque a presença do álcool
é menos perceptível ao paladar, evidenciando as características da cachaça”,
diz Mucio.
No solo nordestino,
ela ganha toques regionais e frutas como o caju, a seriguela ou a pitanga são
incorporadas a drinques e até mesmo consumidas como acompanhamento. “A Paraíba
e Pernambuco compartilham um ritual semelhante ao do consumo de tequila, só que
com o caju substituindo o limão, inclusive é comum os bares servirem a cachaça
com pedaços da fruta à parte”, comenta Alexandre Macário, gerente da unidade de
negócios Norte/ Nordeste da Owens Illinois, fornecedora das garrafas de vidro
do Engenho São Paulo.
Com tanta
personalidade, o destilado paraibano não merecia passar despercebido por outras
regiões do país. Para promover a bebida, foi lançada em 17 de maio a Carta da
Cachaça, um livro que traz informações sobre as variedades produzidas na
Paraíba e como harmonizá-las na gastronomia.
“A ideia é divulgar
o material em bares, restaurantes e hotéis em todo o país. O livro também traz
dados sobre o engenho produtor da cachaça escolhida”, explica Alexandre.
Primeira impressão
Para cair no gosto do consumidor, os engenhos da Paraíba têm feito a lição de
casa e investido não só no sabor, mas também na apresentação do produto e
diferenciação. “Uma cachaça premium precisa expressar na embalagem a mesma
qualidade da bebida envasada e transmitir ao consumidor todo cuidado e atenção
aos detalhes que o produtor teve durante o processo inteiro, da seleção da
cana, colheita até destilação. Por isso, a escolha da garrafa certa, é
fundamental”, diz Alexandre.
PBAgora