Quinta-feira, 29 de março de 2018
Aplicativo Family Link permite que pais controlem o que filhos fazem em celulares Android (Foto: Divulgação/Google)
Aplicativo de mensagens? Proibido. Navegar no celular
depois das 22h? Não pode também. Se depender do Google, os pais brasileiros
conseguirão mais do que apenas tentar impor essas restrições a seus filhos. A
empresa lança nesta quarta-feira (28) um aplicativo para os responsáveis por
crianças controlarem o que podem ou não fazer em um smartphone que rode Android
e em qual horário.
Chamado de Family Link, o aplicativo
foi criado em uma parceria entre as equipes de engenheiros do Google no Brasil,
que ficam em Belo Horizonte, e dos Estados Unidos, sediados na Califórnia. Em
teste desde setembro de 2017 nos EUA, o app só agora começa a ser liberado para
outros mercados. E a primeira parada é a América Latina.
O aplicativo, na verdade, é voltado aos
pais. São eles que devem instalá-lo em seu aparelho, seja Android ou iPhone.
Com ele, podem criar uma conta Google familiar, a ser configurada no celular
dos filhos – por ser uma conta Google, só aparelhos do sistema Android estão
dentro do raio de ação do serviço. Os pais podem por exemplo:
-Aprovar ou proibir apps instalados da Google
Play Store;
-Limitar o horário de uso do celular e para
cada aplicativo;
-Monitorar o tempo gasto por aplicativo em
períodos semanais e mensais.
-Bloquear remotamente o dispositivo em
determinada hora do dia, como a hora de dormir ou do almoço.
Na prática, o aplicativo é uma forma do
Google de levar crianças e adolescentes para o universo de seus serviços. No
Brasil, é preciso ter 13 anos para criar uma conta pessoal para navegar nas
ferramentas da empresa. Mas essa idade muda para 18 se o intuito for ver
determinados vídeos no YouTube ou usar serviços como AdSense, AdWords e Google
Wallet.
“O Family Link dá à criança a liberdade
para acessar um dispositivo Android, mas ao mesmo tempo obviamente seguir as
regras que o pai ou a mãe estabelecerem”, diz Marcel Leonardi, conselheiro sênior
de políticas públicas do Google.
“O Google não acredita que está no papel de pai. A
gente só fornece uma ferramenta para o pai ou mãe gerenciar aquilo que ache
mais adequado para o filho.”
"Eu sei como pai que às vezes a
gente coloca um horário para o filho e ele não obedece", diz Leonardi, que
é pai de duas crianças, de 9 e 12 anos.
Para menores de 13
Em janeiro, o Facebook criou uma versão
de seu serviço de bate-papo para crianças que é controlada por pais. Não deu
outra. O Messenger Kids foi alvo de uma série de críticas de ONGs de defesa da
infância.
“Crianças menores simplesmente não
estão prontas para ter uma conta em redes sociais”, afirmou a Campanha para
Infância sem Comerciais, de Boston, em uma carta endereçada ao
presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg.
Leonardi diz que “não existe um
consenso nem entre educadores e psicólogos” sobre o uso de tecnologia por parte
de crianças.
“A ideia é que cada família avalie o grau de
maturidade de cada criança e defina.”
Ainda para afastar as críticas, ele diz
que o aplicativo possui recursos que impedem crianças de burlarem as restrições
impostas pelos pais. Uma delas é que proíbe crianças de mudarem de conta para
ter acesso mais livre a serviços. Somente o dono do celular em que o app está
instalado consegue fazer isso.
Por meio do aplicativo, é possível
ainda configurar contas diferentes, com níveis diversos de restrição. Isso é
uma alternativa para famílias com mais filhos.
“A ferramenta pode ser muito ou pouca
restritiva, se os pais entenderem que deve ser assim”, descreve Leonardi. O que
o aplicativo não consegue fazer é impedir as ações das crianças dentro de um
aplicativo. Se os pais liberarem o uso do WhatsApp, por exemplo, o Family Link
não é capaz de barrar que as crianças recebam ou enviem fotos ou que conversem
com pessoas desconhecidas.
“É muito mais simples, por exemplo,
impedir o uso global de um aplicativo de mensagens do que tentar ter um
controle granular do que a criança está fazendo ou deixando de fazer. Ou seja,
é mais fácil bloquear do que ter o controle de cada atividade do que esse app
permite ou proíbe.”
G1