Terça-feira, 30 de outubro de 2018
Após a
enxurrada eleitoral, a vida real volta a se impor. Começa nesta segunda-feira
uma nova greve dos caminhoneiros, com início previsto em Goiás. Logo no primeiro dia após uma conturbada eleição, o país
parece enfrenta nova rodada de polêmicos embates entre sociedade civil,
representantes de setores comerciais e o Estado.
O motivo da greve é o descumprimento
da tabela do piso mínimo do frete, que os caminhoneiros entendem como uma falha
da Agência Nacional
de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo os motoristas, as
transportadoras estão pagando um valor abaixo do frete mínimo, além de
“perseguirem” os caminhoneiros que não aceitarem o valor.
A agência ainda estuda maneiras
de penalizar o descumprimento da tabela, e por isso o prejuízo já é sentido
pelos caminhoneiros. O prazo para apresentação de propostas para a ANTT acaba
no dia 9 de novembro. Mas é de interesse do governo federal evitar que a greve
prometida para hoje.
Segundo o líder do movimento,
Wallace Landim, conhecido como Chorão, os caminhões que se encontram em
situação irregular são impedidos de deixar as fábricas da cidade de Catalão.
“Fiscais da ANTT estão neste momento nas fábricas fiscalizando os veículos e os
regularizando”, afirmou o líder, que ainda ressaltou que, a partir do momento
em que os caminhões são regularizados, são liberados. “Nossa manifestação está
dentro da lei, e só queremos que as empresas cumpram o piso do frete”, disse.
A paralisação passada trouxe
perdas gigantescas para a economia do país: o setor de transportes sofreu uma
queda de 1,4% em relação ao primeiro trimestre; no mesmo período, o consumo das
famílias ficou estagnado, tendo aumento de somente 0,1%; as exportações
sofreram uma retração de 5,5%, e houve uma queda de 1,8% nos investimentos do
país. Além desses números, analistas projetam um crescimento menor no PIB
anual: segundo o Ministério da Fazenda, a perda será de 1,2 ponto percentual no
produto interno bruto de 2018.
Vale lembrar que a tabela em
vigor foi feita às pressas, para encerrar a paralisação de maio. Após um vai e
vem de valores e cálculos, o governo federal fechou com um valor que valerá até
janeiro de 2019. Ou seja: é um potencial enorme abacaxi para o próximo governo
eleito. Além da tabela, houve uma redução em 0,30 real no valor do litro do
diesel para caminhoneiros. Com o cumprimento da tabela, o subsídio, que se
encerra no dia 31 de dezembro, poderia ser extinguido.
Encabeçada pelos caminhoneiros de
Goiás, a greve começará com uma “fiscalização informal”: boqueio de pistas e de
entradas das fábricas. Espera-se que caminhoneiros de Santa Catarina
também possam aderir à paralisação. Se o movimento vingar, o governo já
sabe que precisa ser rápido para evitar o pior.
Fonte: Exame