Segunda-feira, 24 de dezembro de 2018
Termo
'burn out' vem da língua inglesa e significa exaustão, queima, esgotamento.
Essas são as sensações descritas pelas pessoas que passam por isso
Imagem Ilustrativa
(Foto: Divulgação)
O termo ‘burn out‘ vem da língua inglesa e significa exaustão,
queima, esgotamento. Estas são as sensações descritas pelas pessoas que passam
por esta condição, cada vez mais frequente no Brasil, e que muitas vezes é
confundida com os sintomas de estresse. De acordo com dados
do International Stress Management Association (ISMA), 30% da
população brasileira economicamente ativa é afetada pelo burn out.
Segundo a neuropsicóloga,
Thaís Quaranta, a síndrome do burn out é resultado de um estresse
prolongado e não gerenciado. “O burn out foi descrito, inicialmente,
como uma condição ligada aos profissionais da área de saúde. Entretanto,
sabe-se que hoje qualquer pessoa está sujeita a desenvolver esta síndrome, que
pode estar relacionada ao trabalho ou a outros aspectos da vida, como a chegada
de um filho, por exemplo”, diz.
A prova de que o burn
out não é um problema exclusivamente ligado ao trabalho, veio de um estudo
recente. A pesquisa, publicada no Journal of Reproductive and Infant
Psychology, mostrou que 20% das mães são atingidas pelo esgotamento após a
maternidade. Outros estudos já haviam ligado o burn out às funções
parentais.
Estresse x burn out
Para Thaís, é preciso diferenciar
o estresse normal da síndrome do burn out. “O estresse é uma resposta
natural do organismo e todos passamos por ele, em várias situações do dia a
dia. Entretanto, há importantes diferenças no quadro do burn out em
relação ao estresse”, cita Thaís.
Um dos pontos mais importantes é a
exaustão emocional. “A pessoa chega num ponto em que não consegue mais acessar
seus recursos internos para lidar com as situações. Esse desgaste emocional
pode se manifestar por meio de comportamentos insensíveis. Não há mais energia
para se relacionar ou lidar com as pessoas. O paciente pode evitar, inclusive,
atender telefonemas e se esquivar das interações sociais”, explica a neuropsicóloga.
Essa característica de
“insensibilidade” é chamada de despersonalização e é a principal pista de que o
estresse pode ter evoluído para o burn out. “O esgotamento físico e
emocional acaba levando a pessoa a construir barreiras para evitar os contatos
sociais. Ela também pode apresentar mais rigidez nos comportamentos, assim como
ironia e cinismo”, comenta Thaís.
Queda da produtividade
O burn out está
diretamente ligado à queda da produtividade no trabalho, assim como a faltas
contínuas. “A falta de energia e o esgotamento mental tiram a motivação para
desempenhar as atividades. Isso leva a sentimentos de inferioridade, afetando a
autoestima e fazendo com que essas pessoas se sintam menos competentes”, cita a
psicóloga.
Manifestações são variadas
Como tudo na vida, a síndrome
do burn out pode se manifestar de diferentes maneiras em cada pessoa.
“O cansaço crônico é bem característico, assim como a evitação das interações
sociais, que acabam levando ao isolamento social. Muitas pessoas também apresentam
alterações no sono, no apetite, dores, queda da libido, baixa imunidade, etc.
São condições muito parecidas com aquelas ligadas ao estresse crônico e à
depressão, por exemplo”, ressalta Thaís.
O humor também pode variar
bastante. Irritação, agressividade e impaciência são constantes. Outros sinais
que indicam um esgotamento mental e emocional é o abuso de substâncias, como
álcool, cigarro ou até mesmo drogas.
A origem do mal
O primeiro passo para tratar a
síndrome do burn out é identificar quais são as fontes do estresse. O
trabalho? A maternidade? O relacionamento? “Como vimos, atualmente o burn
out não é uma condição somente ligada ao trabalho. Portanto, em primeiro
lugar é preciso reconhecer a origem do estresse, seja ela qual for”, reforça
Thaís.
A especialista explica que,
normalmente, o burn out se desenvolve quando a situação é vista como
uma ameaça e não como um meio para alcançar satisfação, reconhecimento ou
felicidade. “Isso pode estar ligado ao trabalho, às pressões típicas da maternidade
ou a qualquer outra grande responsabilidade”, encerra Thaís.
O tratamento envolve psicoterapia
e medicamentos, além claro do afastamento da fonte do estresse.
Dicas para prevenir o burn
out
--Pratique o autoconhecimento: É fundamental
a pessoa exercitar o autoconhecimento para reconhecer o que lhe faz bem e o que
aumenta o estresse.
--Trabalho é só trabalho: Quando o trabalho
está levando ao esgotamento mental e emocional é preciso lembrar que é
perfeitamente possível mudar de emprego. O trabalho é só um trabalho! Assim, se
há mais sofrimento do que satisfação, é hora de procurar outra vaga, mudar de
departamento, etc.
--Gerencie seu estresse: Ninguém está livre
do estresse. Assim, é essencial procurar maneiras de aliviar a tensão e
ansiedade. Basicamente é preciso adotar hábitos saudáveis, como dormir bem, se
alimentar bem, ter momentos de lazer. Dedicar a si mesmo, todos os dias, um
momento para fazer algo que dê prazer. Seja dançar, ouvir música, fazer uma
caminhada, tomar um banho demorado, ler, meditar, etc.
--Ser ouvido: Falar é terapêutico!
Portanto, é importante ter uma pessoa de confiança como um amigo, parceiro (a)
ou um profissional, como um psicólogo, para desabafar, falar sobre os
acontecimentos e situações que estão gerando o estresse. Se a pessoa tem
dificuldade para falar, escrever pode ser uma alternativa.
--Viva um papel por vez: Mãe, profissional,
esposa. Pai, profissional, marido, filho, etc. Todos temos vários papéis que
precisamos desempenhar ao longo da vida. Porém, pode ser complexo lidar com
todos eles ao mesmo tempo. Assim, procure viver plenamente cada um deles, nos
momentos adequados. Isso significa brincar com os filhos sem atender
telefonemas do trabalho, assim como trabalhar sem se preocupar como o que vai fazer
no jantar. Quem desempenha todos os papéis ao mesmo tempo acaba sobrecarregando
a mente, aumentando a ansiedade e, por consequência, o estresse.
--Seja gentil com você: Pare de se criticar
e de se cobrar tanto. Seja mais gentil com você mesmo! Trate-se bem. Cuide-se.
Ame-se acima de tudo e de todos! Conecte-se com seu ser interior.
Fonte: Portal Correio