Domingo, 17 de março de 2019
Exame é 40 vezes mais
barato e cinco vezes mais rápido que o atual PCR e não apresenta reação cruzada
para dengue, chikungunya e febre amarela.
Foram utilizadas amostras de Aedes aegypti para o desenvolvimento do teste (Foto: Reprodução)
Pesquisadores da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco desenvolveram um teste rápido e
barato para detectar a zika. O teste custa R$ 1 e fornece o resultado em menos
de uma hora.
O
PCR, teste utilizado atualmente para esse fim, custa R$ 40 e o resultado é
obtido em cinco horas. O estudo foi publicado nesta quinta-feira (14) na
revista Nature.
A
nova técnica, chamada de amplificação isotérmica mediada por alça (RT- Lamp),
demostrou-se eficiente em amostras de mosquitos.
Foram
utilizadas 60 amostras de mosquitos Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus (o
mosquito doméstico), infectados naturalmente ou em laboratório com os vírus da
zika, dengue, febre amarela e chikungunya. A próxima etapa será testes em
humanos.
A
ferramenta não é restrita ao uso de laboratórios, como ocorre com o PCR. Pode
ser utilizada na forma de kit rápido, pois não depende de equipamentos sofisticados,
segundo o estudo.
O
pesquisador Lindomar Pena, orientador da pesquisa, afirmou, em nota publicada
no portal da Fiocruz, que a técnica é 10 mil vezes mais sensível que o PCR e,
em alguns casos, foi capaz de detectar carga viral onde a PCR deu negativa.
Outra
vantagem desse exame é que é específico para a zika, não apresentando reação
cruzada com outras arboviroses, como dengue, chikungunya e febre amarela.
Teste será feito pela saliva ou urina
Depois
que o projeto pioneiro foi desenvolvido, surgiram outras 15 propostas nesse
campo. Segundo a Fiocruz, o diferencial desse trabalho é a simplicidade, pois
dispõe de um pequeno número de etapas para o resultado final e baixo custo.
O
teste consiste em macerar a amostra de mosquito e colocá-la em um tubo com o
reagente. Depois de cerca de 20 a 40 minutos, se o líquido se tornar laranja, é
negativo; caso se torne amarelo, há a presença do vírus zika.
Esse
teste permitirá que mosquitos sejam coletados em campo e analisados no próprio
local. Em humanos, ele poderá ser feito por meio de coleta da saliva ou de
urina.
Ainda
não há previsão de quando o teste estará disponível. “A expectativa é que a
população possa utilizar esse método nos próximos anos”, declarou o pesquisador
no portal da Fiocruz.
O
diagnóstico da zika é clínico, realizado por um médico. O resultado é
confirmado por meio de exames laboratoriais de sorologia e de biologia
molecular, com o PCR. Esses exames estão disponíveis no SUS (Sistema Único de
Saúde), segundo o Ministério da Saúde.
O
PCR (Polymerase Chain Reaction) detecta o vírus nos primeiros dias da doença.
Além dele, existem a sorologia zika IgM, que detecta anticorpos na corrente
sanguínea na fase aguda da doença, e a sorologia zika IgG, que mostra se a
pessoa já teve contato com o vírus na vida.
Fonte: R7