Quarta-feira, 29 de julho de 2020
Essa vacina estaria na segunda das três
fases de testes clínicos e os pesquisadores teriam testado as vacinas neles
mesmo para avaliar a eficácia do projeto
SÃO PAULO
– A corrida mundial pela busca de uma vacina eficaz contra o novo coronavírus
ganha mais um nome de peso: a Rússia. Segundo informações de um correspondente
da CNN
International, uma vacina russa pode ser aprovada até o
dia 10 de agosto.
Segundo informações, a vacina está sendo desenvolvida
pelo Instituto Gameleya, em Moscou. O laboratório pode produzir até 200 milhões
de doses até o fim do ano. Dessas, 30 milhões seriam exclusivas para a Rússia.
Essa vacina estaria na segunda das três fases de testes
clínicos e os pesquisadores teriam testado as vacinas neles mesmos para avaliar
a eficácia do projeto em fomentar o desenvolvimento de uma resposta imune no
organismo humano.
Porém,
ainda não está claro qual o grau de proteção imunológica desse novo projeto de
vacina que o Instituto Gameleya está tentando criar. Segundo informações da Bloomberg, o instituto russo não publicou os resultados da segunda
fase do estudo, que envolveu cerca de 40 pessoas, e mesmo assim iniciou a
próxima etapa de avaliação do projeto.
“Os americanos ficaram surpresos quando ouviram os sons
do Sputnik. É o mesmo com a vacina, a Rússia vai ter chegado lá primeiro”,
afirmou Kirill Dmitriev, diretor de um fundo soberano russo que está
financiando a pesquisa da vacina.
Kirill refere-se ao Sputnik, o primeiro satélite lançado
com sucesso pela humanidade em 1957, em uma clara referência a disputa
tecnológica da Guerra Fria envolvendo União Soviética e EUA.
Segundo autoridades russas, o desenvolvimento do
medicamento está em fase acelerada de pesquisa por conta do cenário severo que
o país enfrenta com o novo coronavírus. Segundo os mais recentes dados da
Universidade John Hopkins, a Rússia possui 822.060 casos confirmados, com pouco
mais de 13 mil óbitos.
Outras vacinas: Outra importante candidata a vacina contra o coronavírus
está sendo testada e desenvolvida pela Universidade de Oxford, em parceria com
o laboratório AstraZeneca. Os testes no país ocorrem com o auxilio da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo informações do secretário de Vigilância em Saúde
do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, caso os testes da vacina
de Oxford mostrem que o medicamento é eficaz, o Brasil irá receber
até o fim do ano cerca de 15,2 milhões de doses da vacina.
O governo
brasileiro já encomendou 100 milhões de doses do produto. Segundo Medeiros, a
expectativa é que 15 milhões de brasileiros possam ser vacinados até o final
deste ano com o primeiro lote.
A BioNTech, empresa alemã de biotecnologia e a Pfizer,
farmacêutica americana, também estão com a sua vacina na fase de testes finais.
O governo dos EUA anunciou que irá pagar cerca de US$ 1,95 bilhões à Pfizer
para que a empresa produza e entregue 100 milhões de doses de sua potencial
vacina contra a Covid-19 caso os testes finais provem que o medicamento é
seguro e eficaz.
Outra importante candidata é a da empresa chinesa
Sinovac. A vacina chinesa, chamada de CoronaVac, começou a ser testada
em brasileiros na última semana.
No Brasil, o estudo é liderado pelo Instituto Butantan,
em São Paulo. Segundo informações do laboratório chinês, cerca de 9 mil pessoas
vão participar dos testes em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná,
Rio Grande do Sul e no Distrito Federal.
De acordo com o governo do Estado de São Paulo, o
Instituto Butantan está adaptando uma fábrica para a produção da vacina. A
parceria entre o laboratório chinês e o Butantan foi anunciada no dia 11 de
junho em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.
Na ocasião, o governador do estado João Doria (PSDB)
disse que, se comprovada a eficácia e segurança da vacina, ela será disponibilizada no SUS
a partir de 2021.
Na última segunda-feira (27), a farmacêutica americana
Moderna iniciou a última fase de
testes da sua potencial vacina contra o novo coronavírus.
A vacina da companhia será testada em aproximadamente 30
mil pessoas em 87 lugares diferentes dos Estados Unidos até meados de outubro.
Ainda de acordo com a empresa, caso a vacina se mostre realmente eficaz, a
Moderna conseguirá produzir entre 500 milhões até 1 bilhão de doses da vacina
por ano.
Estatísticas jogam contra a vacina: Segundo um
recente estudo da Plos One,
revista científica da Public Library of Science, projeto global sem fins
lucrativos que tem o objetivo de criar uma biblioteca de revistas científicas
dentro do modelo de licenciamento de conteúdo aberto, as chances de prováveis
candidatas para uma vacina darem certo é de seis a cada 100.
O relatório ainda afirma que a média de tempo para
produção de uma vacina e sua ampla disseminação global é de cerca de 10,7 anos.
Para efeito de comparação, caso a vacina para o novo coronavírus saia ainda
neste ano ou no próximo, esse já seria, de longe, o menor tempo hábil que o ser
humano levou para desenvolver uma vacina.
A vacina mais rápida a ficar pronta foi a contra a
caxumba, criada nos anos 1960, em um processo que levou quatro anos. Já a
vacina contra o ebola, também considerada uma das mais rápidas em termos de
produção, demorou cerca cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso
nos Estados Unidos somente no ano passado.
Portanto, para conter a crise do novo coronavírus,
laboratórios e cientistas do mundo inteiro estão correndo contra o tempo e as estatísticas
para encontrar a melhor solução no menor tempo possível.
Por: Allan Gavioli - Infomoney