Sábado, 15 de janeiro de 2022
Pesquisa estima que o Brasil poderá ter aumento de 206%,
saltando de cerca de 1,8 milhões de casos em 2019 para 5,6 milhões de
indivíduos com a condição em 2050
Fatores de risco para demência, como o tabagismo, a obesidade, alto teor de açúcar no sangue e baixa escolaridade também devem impactar o cenário da doença no mundoClaudia van Zyl/Unsplash
O
número de adultos com 40 anos ou mais vivendo com demência em todo o mundo deve quase
triplicar até 2050, passando de cerca de 57 milhões em 2019 para 153 milhões. Os principais motivos são o crescimento populacional e o
envelhecimento da população.
Os
dados do estudo
Global Burden of Disease, que realizou estimativas para 204 países, foram
publicados no periódico científico Lancet Public Health. De acordo com o
estudo, fatores de risco para demência, como o tabagismo, a obesidade, alto
teor de açúcar no sangue e baixa escolaridade também devem impactar o cenário
da doença no mundo.
As mulheres são mais afetadas pela demência que os
homens em todo o mundo. Em 2019, a proporção era de cerca de 100 casos entre
elas para 69 entre eles. Segundo o estudo, esse padrão deve permanecer em 2050.
Distribuição entre os países
Em relação ao Brasil, o estudo estima que haverá um aumento de
206% no número de pessoas vivendo com demência nas próximas décadas.
De cerca de 1,8 milhões de casos em 2019, o país poderá atingir 5,6 milhões de
indivíduos com a condição em 2050.
As estimativas preveem que os aumentos mais significativos
dos casos de demência devem ocorrer no leste da África Subsaariana.
De acordo com o estudo, o número de pessoas com demência nessa região deve
aumentar em 357%, saltando de quase 660 mil em 2019 para mais de 3 milhões em
2050. A explicação está no crescimento populacional, com os aumentos mais
expressivos em países como Djibouti (473%), Etiópia (443%) e o Sudão do Sul
(396%).
Por outro lado, os aumentos mais discretos de casos estão
previstos para os países da Ásia-Pacífico de alta renda. O número de
indivíduos com demência deve crescer 53%, de 4,8 milhões em 2019 para 7,4
milhões em 2050. No Japão, o aumento estimado é de 27%, de 4,1 milhões para 5,2
milhões de casos.
Prevenção à demência
Os autores reforçam a necessidade de implementação de
estratégias de saúde pública como medidas para reduzir os
riscos de demência, como promover o acesso à educação, dieta equilibrada e
exercícios físicos, assim como a expansão dos recursos de saúde e assistência
social.
Entre os fatores de risco que podem ser modificados, o
estudo elenca baixa escolaridade, hipertensão, deficiência auditiva, tabagismo, obesidade na meia-idade, depressão,
sedentarismo, diabetes, isolamento social, excessivo consumo de álcool,
traumatismo craniano e poluição do ar.
“Abordar esses fatores por meio de intervenções de saúde
pública é um caminho para reduzir a prevalência da doença, e mudanças futuras
nos fatores de risco modificáveis
podem influenciar a trajetória das tendências na prevalência específica por
idade”, diz o artigo.
De acordo com o estudo, o aumento ao longo do tempo no
número de pessoas afetadas pela demência acentua a importância de não apenas
quantificar a carga atual da demência, mas também gerar previsões da
prevalência da condição para permitir decisões políticas embasadas,
planejamento dos sistemas de saúde e alocação de recursos pelos países.
Por: Lucas Rocha, da CNN em São Paulo