Quarta-feira, 02 de fevereiro de 2022
Em João Pessoa, são mais de 300 adolescentes
gestantes entre 12 e 18 anos sendo acompanhadas pela Saúde da capital.
Imagem extraída da Internet
A Paraíba registrou,
entre 2020 e o início de 2022, 12.830 gestações em crianças e adolescentes
entre 10 e 18 anos de idade, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde
(SES-PB). No Brasil, anualmente são registrados cerca de 400 mil casos de
gravidez na adolescência.
A primeira semana de
fevereiro é marcada pela Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na
Adolescência, e tem o objetivo de compartilhar informações sobre medidas
educativas e preventivas que contribuam para a redução da incidência da gravidez
na adolescência.
Em João Pessoa,
atualmente, são acompanhadas 333 adolescentes gestantes, a partir de 12 anos de
idade. E de acordo com Rayanna Coelho, diretora de Atenção Básica à Saúde de
João Pessoa, é uma situação alarmante que se faz necessário intervenção
pedagógica e social para reduzir os casos de gravidez na adolescência.
“É uma situação
preocupante. A gente entende que tem a situação social envolvida, porque a
gente percebe que os números de João Pessoa são determinados de uma forma maior
em alguns locais específicos, como no Distrito Sanitário I, que abrange a
região de Cruz das Armas, Bairro dos Novais e Alto do Mateus; e também no
Distrito Sanitário III, que compõe os bairros de Mangabeira e Valentina. A
gente percebe que alguns locais específicos têm maior probabilidade e maiores
números com relação à gravidez na adolescência”, comenta.
De acordo com Rayanna,
o perfil social das jovens que engravidam na adolescência é bem delimitado,
sendo pessoas com baixa renda e baixa/falta de escolaridade, sendo fatores
determinantes para o desconhecimento da educação sexual e manutenção do tabu
com relação à gravidez, principalmente nos anos iniciais, o que é corroborado
pelo desconhecimento de métodos contraceptivos.
“O perfil das
adolescentes é de que são pessoas de baixa renda, baixa escolaridade e a
família também têm pouca escolaridade. Pedimos que vá a uma Unidade Básica de
Saúde (UBS), onde fazemos as orientações. Se for necessário, entregamos
preservativos, orientamos a família de como conduzir. Tem um tabu muito forte
relacionado à sexualidade na adolescência, a falta de conhecimento e acaba que
as meninas acabam conversando mais [sobre sexualidade] com as amigas do que com
a família”, explica.
Além
da falta de conhecimento com a saúde sexual e fatores sociais, muitas
adolescentes desconhecem os riscos à saúde causados por uma gravidez no período
da adolescência, no qual diversas adolescentes ainda estão tendo a primeira
menstruação e desconhecem o universo da sexualidade. São fatores físicos, psicológicos
e sociais que corroboram para que a gravidez tenha um risco acentuado, trazendo
implicações clínicas para a saúde da mãe e do bebê, e quanto mais cedo for essa
gestação, mais riscos ambos correm.
“Quanto mais precoce
for a gestação, maior será o risco da gestação impactar a saúde da adolescente.
Pedimos que, quanto mais rápida essa adolescente procurar uma UBS, menor a
chance de agravar e tornar uma gestação de risco”, comenta Rayanna.
A instituição de
conversações sobre a educação sexual tanto dentro do círculo familiar e nas
escolas é fundamental para uma vida saudável que, aliada à informação, também
previne contra infecções sexualmente transmissíveis (IST’s).
“Os pais conversem com
os filhos, as escolas conversem com os alunos para acabar com esse tabu [da
sexualidade] e trazer o conhecimento. Sabemos que as pessoas que têm
conhecimento sobre o assunto têm menores riscos de adoecimentos e gestações
indevidas”, finaliza.
Estupro de vulnerável
De acordo com o Código Penal, manter relações
sexuais com adolescentes de até 14 anos se configura como estupro de vulnerável
e pode resultar em pena de 8 a 15 anos de prisão.
A
delegada Joana D’Arc, da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Infância e
a Juventude de João Pessoa, explicou que quando o estuprador é maior de idade,
ele responde por crime de estupro de vulnerável e paga com pena prisional.
Quando menor de idade, ele responde por ato infracional e é inserido em medidas
sócio-educativas.
A delegada também informou que, quando uma
jovem de até 14 anos realiza entrada na maternidade, a Delegacia da Juventude
ou o Conselho Tutelar são notificados, então abre-se um inquérito policial e o
caso passa a ser investigado.
Por: Jornal da Paraíba