Quarta-feira, 31 de agosto-08 de 2022
Matéria do G1
Mikhail Gorbachev, que
encerrou a Guerra Fria sem derramamento de sangue, mas não conseguiu evitar o
colapso da União Soviética, morreu nesta terça-feira aos 91 anos,
disseram agências de notícias russas segundo funcionários de hospitais.
Gorbachev, o último líder soviético, forjou acordos de
redução de armas com os Estados Unidos e parcerias com potências ocidentais
para remover a Cortina de Ferro que dividia a Europa desde a Segunda Guerra
Mundial e trazer a reunificação da Alemanha.
Quando protestos pró-democracia
varreram as nações do bloco soviético da Europa Oriental comunista em 1989, ele
se absteve de usar a força – ao contrário de líderes anteriores do Kremlin que
enviaram tanques para esmagar revoltas na Hungria em 1956 e na Tchecoslováquia
em 1968.
Mas os protestos alimentaram
aspirações de autonomia nas 15 repúblicas da União Soviética, que se
desintegraram nos dois anos seguintes de forma caótica. Gorbachev lutou em
vão para evitar esse colapso.
Ao se tornar secretário-geral do
Partido Comunista Soviético em 1985, com apenas 54 anos, ele se propôs a
revitalizar o sistema introduzindo liberdades políticas e econômicas limitadas,
mas suas reformas saíram do controle.
Sua política de ‘glasnost’ –
liberdade de expressão – permitiu críticas anteriormente impensáveis ao partido
e ao Estado, mas também encorajou nacionalistas que começaram a pressionar pela
independência nas repúblicas bálticas da Letônia, Lituânia, Estônia e outros
lugares.
Muitos russos nunca
perdoaram Gorbachev pela turbulência que suas reformas desencadearam,
considerando a queda subsequente em seus padrões de vida um preço alto demais a
pagar pela democracia.
Depois de
visitar Gorbachev no hospital em 30 de junho, o economista liberal
Ruslan Grinberg disse ao jornal das forças armadas Zvezda: “Ele nos deu toda a
liberdade – mas não sabemos o que fazer com ela”.
G1