Quarta-feira, 08 de Abril de 2015
Crianças que experimentam um
pouco do vinho ou da cerveja dos pais, mesmo que de vez em quando, estão
mais propícias a começar a beber na época do ensino médio, de acordo com um
artigo publicado no periódico “Journal of Studies on Alcohol and Drugs”.
A pesquisa foi feita com 561
alunos, analisados periodicamente por três anos. No começo do sexto ano escolar
(com a idade de 11 anos), quase 30% dos alunos disseram que já tinham provado
álcool. Na maioria dos casos, os pais forneceram a bebida – geralmente em uma
festa ou outra ocasião especial.
Aqueles que tinham
experimentado álcool antes dos 11 anos estavam cinco vezes mais suscetíveis a
beber um copo inteiro de bebida alcoólica antes do ensino médio. Além de quatro
vezes mais propícios a ficarem bêbados.
No nono ano escolar, 26% dos
que tinham experimentado álcool na infância disseram que já tinham tomado uma
bebida alcoólica inteira, contra menos de 6% dos que não tinham provado álcool
antes dos 11 anos. Além disso, 9% já tinham ficado bêbados, comparado com menos
de 2% do outro grupo.
Tabu
Segundo a líder da pesquisa
Kristina Jackson, do Centro de Estudos de Álcool e Vícios na Brown University,
essas descobertas não comprovam que os primeiros goles de álcool são os
culpados. Ela observou que alguns pais acreditam no “modelo europeu” – a
ideia de que apresentar as crianças ao álcool cedo, em casa, vai ensiná-las
sobre beber com responsabilidade e diminuir o apelo “tabu” das bebidas
alcoólicas. “Nosso estudo dá evidências do contrário” disse em comunicado.
“Claro que há vários fatores
que influenciam alguém a beber enquanto menor de idade” disse Kristina. A
equipe dela tentou levar em conta a maior quantidade de variáveis possíveis,
incluindo o hábito de beber dos pais e algum histórico de alcoolismo, assim como
o perfil das crianças (por exemplo, se elas tendiam a ser impulsivas e gostavam
de arriscar). Ainda assim, Karina encontrou uma conexão entre provar as bebidas
quando pequenos e beber perigosamente no ensino médio.
De acordo com a pesquisadora, é
possível que esses pequenos goles de álcool tenham mandado uma mensagem
confusa: “Nessa idade, algumas crianças podem ter dificuldade para entender a
diferença entre um gole de vinho e beber uma cerveja toda”, ela explicou.
A pesquisadora ressalta que os
pais não devem se desesperar se já deixaram suas crianças provar um pouco de
alguma bebida alcoólica. “Nós não estamos dizendo que seu filho está
condenado”, afirma Kristina, que ainda ressaltou a importância de dar às
crianças mensagens claras e consistentes sobre bebida e se certificar de que
elas não podem ter acesso a nenhuma bebida alcoólica da casa.
Portal Independente