Terça-feira, 21 de Dezembro de 2015.
De cada dez
anos de vida saudável, ela leva um terço, pelo menos. A indicação do
antidepressivo depende do diagnóstico correto.
A
depressão é a doença que mais retira anos de vida saudável do brasileiro: de
cada dez anos de vida saudável, ela leva um terço, pelo menos. Para falar sobre
a doença e os principais tratamentos, o Bem Estar desta segunda (21) recebeu o
psiquiatra Wagner Gattaz e o endocrinologista Bruno Halpern.
A indicação do antidepressivo depende do diagnóstico correto:
primeiro, é preciso diferenciar tristeza de depressão. A tristeza tem relação
com um fato específico, como uma perda, e sua cura é o tempo. A depressão é a
perda do prazer em viver, muitas vezes sem relação com um fato triste. A pessoa
perde interesse no que gostava de fazer e em aspectos básicos da vida, dormir,
comer. Setenta por cento dessas pessoas manifestam algum pensamento suicida.
Outras causas de mudanças de humor
Antes de pensar na depressão, é preciso descartar outros fatores
que causam humor deprimido, como falta de vitamina B12, hipotireoidismo e
hipoglicemia no diabético idoso (causada por descontrole da doença). A
reposição da vitamina e do hormônio e correção dos níveis de glicose têm
impacto positivo.
Como agem os antidepressivos
Os antidepressivos auxiliam em todos os níveis de depressão e
melhoram a reação a eventos tristes da vida, reduzem pensamentos obsessivos e
permitem que a pessoa tenha maior clareza dos sentimentos e ideias. Isso porque
agem sobre os neurotransmissores do cérebro, substâncias que levam informações
de um neurônio para o outro. É como se o neurotransmissor fosse uma carta e o
neurônio, a caixa de correio. Os remédios aumentam os níveis de
neurotransmissores, ou, em uma analogia, o número de cartas com boas notícias,
com bem-estar. Além da indicação para a depressão unipolar também são usados,
combinados a outros remédios ou não, em outros transtornos mentais, como o transtorno
bipolar, em que a pessoal oscila entre crises depressivas e de mania.
O tratamento clássico com antidepressivos dura um ano e depois a
dose é diminuída até a retirada completa da droga. Muitas vezes, é preciso
tomar remédios o resto da vida, assim como ocorre em outras doenças crônicas. A
questão não é se livrar dos remédios, mas sim ficar livre da depressão.
Dependendo da droga, pode haver ganho ou perda de peso, redução da libido e
retardamento da ejaculação e do orgasmo, além de sonolência e relaxamento
muscular. O importante é fazer o melhor uso do remédio. Por exemplo, um
paciente com dores no corpo e insônia vai ter benefícios do remédio que tem
como efeito colateral a sonolência e relaxamento. Os remédios que tiram a
libido podem ser gradualmente substituídos. O ganho de peso deve ser monitorado
porque pode contribuir para doenças cardíacas e diabetes.
G1