Quinta-feira, 10 de Dezembro de 2015.
Imagem ilustrativa
A
organização não governamental britânica Oxfam afirmou hoje (2) que 10% dos
habitantes mais ricos do mundo são responsáveis por mais da metade das emissões
de dióxido de carbono (CO2). Em relatório divulgado durante a 21ª Conferência
das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21), em Paris, a
Oxfam informou que, no sentido inverso, metade dos mais pobres no planeta é
responsável por apenas 10% das emissões poluentes.
“As alterações climáticas estão
intrinsecamente ligadas às desigualdades econômicas. É uma crise induzida pelas
emissões de gases de efeito estufa que afetam mais duramente os pobres”, diz o
relatório intitulado “Desigualdades Extremas e Emissões de CO2”.
O documento informa que uma
pessoa que faça parte do 1% da população mais rica do mundo “gera, em média,
175 vezes mais” dióxido de carbono do que a que está entre os 10% mais pobres
do mundo.
Apesar de o cálculo das emissões
de CO2 ser feito geralmente em função da produção por país, o estudo analisa
sobretudo as formas de consumo individual e tem em conta os produtos
importados, comparando ainda os efeitos desses modos de vida sobre o clima.
O relatório da Oxfam mostra
também que, mesmo que as emissões totais dos grandes países emergentes
progridam muito rapidamente – a China é o mais poluidor do mundo -, “as
emissões ligadas ao modo de consumo dos habitantes mais ricos desses países são
bem menores do que as dos seus equivalente nos países ricos da Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico”.
Oxfam acrescenta que a Índia, o
terceiro país mais poluidor do mundo, atrás da China e dos Estados Unidos,
deverá destronar os norte-americanos até 2030.
“É certo que as emissões aumentam
rapidamente nos países em desenvolvimento, mas grande parte delas é proveniente
da produção de bens de consumo noutros países”, ressalta a organização
não-governamental britânica.
“Os países em desenvolvimento
devem fazer a sua parte, mas cabe aos países ricos mostrar o caminho e assumir
as consequências desastrosas do seu modo de consumo e de desenvolvimento”,
acrescenta o documento.
No início de novembro, os
economistas franceses Lucas Cancel e Thomas Piketti divulgaram estudo
semelhante e demonstraram que um norte-americano emite, em média, 22,5
toneladas dióxido de carbono equivalente por ano, valor que é de apenas 2,2%
quando se trata de um cidadão africano.
Iparaíba