Terça-feira, 15 de Março de 2016.
Sempre foi importante ter uma comunicação cativante e envolvente. Hoje,
com a presença da tecnologia atuando nos contatos pessoais, essa habilidade se
tornou ainda mais necessária. Pessoas articuladas, simpáticas e espirituosas
são recebidas com alegria em qualquer roda de conversa. Com esse comportamento,
sobressaem de maneira positiva nas reuniões corporativas e no relacionamento
social.
Para isso é preciso que tenham voz firme, com bom ritmo. Vocabulário
amplo, pronto e adequado a todas as circunstâncias. Domínio da expressão
corporal, para que os gestos sejam elegantes e harmoniosos. Expressão facial
arejada. Pensamento bem ordenado, com raciocínio lógico e concatenado.
Para que todos esses aspectos possam efetivamente contribuir com o
sucesso da comunicação é fundamental que a pessoa tenha conteúdo. Se não tiver
o que dizer, o indivíduo será repetitivo, vazio, prolixo e apenas um falador
chato. Quem possui informações, naturalmente associa e complementa as ideias
com facilidade, e torna seu discurso mais atraente.
Alguns, entretanto, reclamam que não conseguem guardar as informações
que leem. Em pouco tempo, o que parecia tão interessante para ser usado em uma
conversa desaparece da mente. Já me disseram que, depois de ler um romance, não
conseguem contar a história que no momento da leitura parecia ser tão fascinante.
Para solucionar essa questão e conseguir reter as informações relevantes
apreendidas em uma leitura, vou sugerir um recurso que me caiu às mãos de
maneira curiosa. Ganhei um livro de oratória que havia pertencido ao poeta
Guilherme de Almeida. A obra, com o título de "El Arte de Hablar
Bien" (A Arte de Falar Bem) é de autoria de Paul C. Jagot e J. C. Noguin.
Foi publicada na Argentina em 1943 e traduzida do francês para o espanhol por
J. C. Guiñon.
Embora seja uma obra relativamente comum, Guilherme de Almeida fez dela
uma espécie de livro de cabeceira. Leu cada uma de suas páginas e assinalou a
lápis todas as passagens que julgou interessante. Observe que não estamos
falando de qualquer pessoa, mas sim de um dos mais brilhantes poetas
brasileiros de todos os tempos.
Guilherme de Almeida nasceu em Campinas, no Estado de São Paulo, em 1890
e faleceu na capital paulista em 1969. Deixou uma vasta produção literária e,
em 1930, teve o mérito de se tornar o primeiro poeta moderno a ingressar na
Academia Brasileira de Letras. Foi figura de destaque na Semana de Arte Moderna
de 1922.
Não se encontra uma página sequer do livro que não tenha pelo menos uma
pequena anotação feita de próprio punho pelo poeta. Em alguns casos, Guilherme
de Almeida chama a atenção que determinado trecho deveria ser lido várias
vezes. Um deles assinala com destaque uma sugestão dos autores de como reter as
informações lidas em um livro.
"Ao acabar de ler o capítulo de um livro resuma o conteúdo, o
significado da mensagem da mesma maneira como se precisasse expô-lo diante de
uma centena de pessoas." Quem seguir essa sugestão assinalada por
Guilherme de Almeida, terá dado um passo importante para assimilar com mais
facilidade o conteúdo de suas leituras.
O resultado é impressionante. Ao resumir o capítulo de um livro, ou um
artigo de jornal ou revista, imaginando que precisará apresentá-lo diante de
uma plateia, aprenderá o conteúdo com mais tranquilidade. Esse recurso faz com
que a pessoa tenha domínio da matéria que acabou de ler. O exercício será ainda
mais eficiente se for feito em voz alta.
Dessa forma, além de fixar as informações que leu, terá oportunidade
também para aprimorar a comunicação. Depois desse treinamento, quando falar em
público fazendo uso do conteúdo aprendido, as exposições se revestem de uma
qualidade diferenciada.
A leitura é uma das mais importantes fontes de conhecimento. Quem se
dedica a essa tarefa de resumir o que acabou de ler e faz o exercício de
apresentar as informações como se estivesse falando em público, incorpora
definitivamente esse conhecimento, que passa a ser muito útil quando se
apresentar diante da plateia.
Reinaldo
Polito

