Quinta-feira, 18 de agosto de 2016
A dor, sobretudo a crônica, tem aspecto
emocional e se manifesta fisicamente. Assim como a depressão, a experiência
afeta o pensamento, o humor e o comportamento, e, por isso, estabelece com ela
uma relação íntima: a dor é deprimente, ao passo que a depressão provoca e
intensifica a dor. Os mecanismos por trás desse círculo vicioso são pouco
compreendidos, mas pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia,
sugerem que a dor crônica (DC) é causada pelo acúmulo de pequenos efeitos
genéticos associados aos mesmos fatores de risco, genéticos e ambientais, para
o distúrbio da depressão maior (DDM). A pesquisa, publicada na revista PLoS
Medicine, indica também que fatores genéticos e DC em um dos cônjuges
contribuem para o risco da complicação desconfortante e da DDM no parceiro.
Segundo a equipe liderada por Andrew McIntosh, a contribuição genética
para a dor crônica resulta da ação integrada de diversos fatores de risco
ligados aos genes, com herdabilidade de 38,4%. Os efeitos cumulativos desses
elementos de vulnerabilidade genética para a DDM também aumentam a chance de
DC. McIntosh considera a associação uma descoberta inesperada. “Até a data, ela
não havia sido rastreada em estudos do tipo. Nossos achados sugerem que existe
uma relação genética potencialmente importante”, diz.
A pesquisa foi baseada em dados de 23.960 indivíduos do estudo nacional
escocês Generation Scotland: Scottish Family Health Study e também em
informações fenotípicas e genotípicas de 112.151 indivíduos do United Kingdom
Biobank — estudo britânico que investiga contribuições genéticas e ambientais
para o desenvolvimento de doenças. Outro achado que surpreendeu a equipe foi
que a análise dos dados indicou que o ambiente compartilhado com cônjuges
representa 18,7% do risco para DC. As razões por trás do percentil não são
claras, mas, segundo os estudiosos, é possível que esse comportamento seja
aprendido ou resultado do ato de cuidar de alguém com uma doença crônica
incapacitante.
Redação do PB Agora com revista
PLoS Medicine