Sábado, 05 de novembro de 2016
Injetar dois hormônios
diferentes em homens a cada oito semanas suprimiu a produção de esperma de forma
suficiente para o método ter efeito contraceptivo, de acordo com um estudo
publicado na semana passada.
Porém a pesquisa teve
de ser interrompida devido a preocupação com a segurança dos participantes. Um
comitê de segurança independente concluiu que efeitos colaterais, que incluíram
depressão e outros distúrbios do humor, superaram os potenciais benefícios das
injeções.
"Pesquisadores
estão tentando identificar um contraceptivo hormonal masculino que seja
efetivo, reversível, seguro, aceitável, de preço acessível e disponível",
afirmou a equipe técnica do estudo em e-mail para a Reuters.
Os pesquisadores,
liderados por Hermann Behre, da Universidade Martin Luther de Halle Wittenberg,
na Alemanha, recrutou 320 homens saudáveis com idades entre 18 e 45 anos de
vários países. Todos estavam em relacionamentos monogâmicos por ao menos um ano
com mulheres com idade entre 18 e 38 anos. Os casais não queriam ter filhos nos
dois anos seguintes.
A cada 8 semanas, os homens receberam injeções de testosterona e progestina.
"Dar testosterona em doses altas suprime a produção de esperma no órgão
reprodutor masculino por várias semanas", segundo os pesquisadores.
Acrescentar outro
hormônio, "geralmente a progestina, ajuda a aumentar a supressão da
produção de esperma a níveis mais baixos em um maior número de homens",
ainda segundo os autores do estudo. "Isso também ajuda a sustentar essa
supressão, para que as injeções possam ser dadas com frequência menor."
Em 274 homens, ou
86%, a contagem de esperma caiu para menos de 1 milhão por ml de sêmen depois
de 24 semanas. A contagem normal de esperma varia entre 40 e 300 milhões por
ml, de acordo com a Associação Nacional de Infertilidade dos EUA.
Quatro gestações
ocorreram entre os 266 casais no período de 56 semanas do estudo, segundo
relatam os pesquisadores em artigo publicado na revista especializada
"Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism".
A taxa de falhas
dessa forma de anticoncepcional foi de 7,5%. Segundo os Centros de Prevenção e
Controle de Doenças dos EUA (CDC), a taxa de falha de camisinhas masculinas é
de 12%. Em mulheres, pílulas anticoncepcionais, adesivos e aneis vaginais têm
uma taxa de falha de cerca de 9%. As taxas de falha entre implantes e
dispositivos intrauterinos ficam abaixo de 1%.
Efeitos colaterais
Cerca de 1.500 eventos adversos foram reportados durante o estudo. Cerca
de 39% não estavam relacionados às injeções.
Dos efeitos
colaterais possivelmente relacionados às injeções, cerca de 46% dos homens
reportaram acne, cerca de 23% reportaram dor no local da injeção, cerca de 38%
reportaram um aumento na libido e muitos reportaram distúrbios de humor,
incluindo problemas emocionais, hostilidade, depressão e agressão.
Além de preocupações
sobre a segurança, especialistas que não participaram do estudo também levantam
outra questão: não está claro se a estratégia pode afetar a fertilidade dos
homens depois que eles pararem de tomar as injeções. Nos homens estudados, a
contagem de espermas voltou ao normal, porém eles eram homens saudáveis. A
dúvida é o que ocorreria com homens que já têm contagem baixa de esperma.
G1