Terça-feira, 30 de maio de 2017
Portaria do Ministério da Saúde publicada
hoje (29) no Diário Oficial da União torna pública a decisão de incorporar ao
Sistema Único de Saúde (SUS) o antirretroviral Truvada como profilaxia
pré-exposição (PrEP) para populações sob maior risco de infecção por HIV.
A estratégia
consiste no consumo diário do medicamento por pessoas que não têm o vírus, mas
que estão mais expostas à infecção, como profissionais do sexo, homossexuais,
homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e casais sorodiscordantes
(apenas um dos parceiros é soropositivo).
De acordo com o
ministério, o Brasil é o primeiro país da América Latina a adotar a estratégia
como política de saúde pública. A PrEP já é utilizada em nações como Estados
Unidos, Bélgica, Escócia, Peru e Canadá, onde é comercializada na rede privada,
além de França e África do Sul.
O investimento
inicial do governo brasileiro será de US$ 1,9 milhão para a aquisição de 2,5
milhões de comprimidos. A quantia deve atender a demanda pelo período de um ano.
Prevenção
combinada
A estimativa do
ministério é que a estratégia no Brasil seja utilizada por cerca de 7 mil
pessoas que integram as chamadas populações-chave, no primeiro ano de
implantação.
A PrEP, segundo a
pasta, se insere como uma estratégia adicional dentro de um conjunto de ações
preventivas que inclui a testagem regular, a profilaxia pós-exposição, a
testagem durante o pré-natal e o uso de preservativo, entre outros.
Fazer parte de um
dos grupos, portanto, não é o único critério para indicação da PrEP.
Profissionais de saúde farão também uma espécie de análise de vulnerabilidade
do paciente, levando em consideração o comportamento sexual e outros contextos.
A previsão é que,
de imediato, a estratégia seja adotada em 12 capitais onde já há experiência
nesse tipo de tratamento e, até o fim do primeiro ano de implantação, em todas
as capitais brasileiras.
Estudos
Evidências
científicas disponíveis demonstram que o uso de antirretrovirais pode reduzir o
risco de infecção por HIV em mais de 90%, desde que o medicamento seja tomado
corretamente, já que a eficácia está diretamente relacionada à adesão. A PrEP,
entretanto, não substitui o uso da camisinha.
HIV
no Brasil
Dados do último
boletim epidemiológico do ministério revelam que 827 mil pessoas vivem com
HIV/Aids no Brasil atualmente. Desse total, 372 mil ainda não estão em
tratamento, sendo que 260 mil já sabem que estão infectadas e 112 mil não sabem
que têm o vírus.
A Aids, no país, é
considerada uma doença estabilizada, com taxa de detecção em torno de 19,1
casos para cada 100 mil habitantes. Ainda assim, o número representa cerca de
40 mil novos casos ao ano.
Agência Brasil