Quinta-feira, 29 de dezembro-12 de 2022
Tricampeão mundial com a seleção brasileira estava internado havia um
mês para tratamento de um câncer no cólon e faleceu nesta quinta-feira, aos 82
anos
Pelé durante evento em Londres em 2016 (Foto: Neil Hall / Getty Images)
O futebol perdeu seu Rei. Nesta quinta-feira, morreu Pelé, o maior
jogador da história, aos 82 anos.
A família ainda não divulgou detalhes sobre o velório, mas uma estrutura
foi montada na Vila Belmiro nos últimos dias para receber a vigília. O
sepultamento ocorrerá em Santos.
O Atleta do Século estava internado no hospital Albert Einstein, em São
Paulo, desde 29 de novembro. A internação aconteceu em virtude de uma infecção
respiratória após ele contrair Covid-19 e para a reavaliação do tratamento de
um câncer no cólon.
Pelé passou por uma cirurgia no local em setembro de 2021 e desde então
vinha sendo submetido a repetidas sessões de quimioterapia. No início de 2022,
foram detectadas metástases no intestino, no pulmão e no fígado.
Em 21 de dezembro, o corpo clínico do hospital divulgou um boletim
médico dizendo que Pelé apresentou uma "progressão da doença
oncológica" e que necessitava de maiores cuidados relacionados às
disfunções renal e cardíaca. Por isso, o ex-jogador não teve autorização para
passar o Natal em casa, como queria a família.
Kely e Edinho Nascimento, filhos do Rei, publicaram fotos nas últimos
dias com o pai no quarto em que ele estava internado. Outros filhos e neto
também estiveram no local para a passagem do Natal.
Apesar do quadro complicado, Pelé passou alguns dias estável e com uma
leve melhora. Nesta quinta, porém, a saúde do Rei voltou a piorar, e ele não
resistiu.
Em virtude da idade avançada e do tratamento, as aparições públicas do
Rei do Futebol se tornaram cada vez menos frequentes nos últimos anos. Em redes
sociais, ele manifestava otimismo com a recuperação.
Pelé recebeu diversas homenagens durante a Copa do Mundo de 2022,
disputada enquanto ele estava internado na capital paulista. Jogadores como
Neymar, Richarlison e Mbappé desejaram melhoras ao gênio em meio ao torneio.
Torcedores também exibiram faixas nos estádios.
Pelé deixa sete filhos e a esposa Márcia Aoki, com quem estava casado
desde 2016. Do primeiro casamento, com Rosemeri Cholbi, nasceram Kelly
Cristina, Edinho e Jennifer. O ex-jogador também é pai dos gêmeos Joshua e
Celeste, de seu relacionamento com a psicóloga Assíria Lemos. Além desses, Pelé
teve duas filhas fora do casamento: Sandra Regina, que só obteve o
reconhecimento da paternidade pela Justiça, morta em 2006, e Flávia.
O maior jogador de futebol de todos os tempos estreou na Seleção em
1957, numa partida da Copa Rocca contra a Argentina, quando também fez seu
primeiro gol com a camisa amarelinha. Pela equipe brasileira, com apenas 17
anos, venceu a Copa do Mundo na Suécia, em 1958.
Quatro anos depois, se machucaria na segunda rodada do Mundial do Chile,
também vencido pelo Brasil. Após ser caçado em campo com duras faltas na Copa
do Mundo de 1966, na Inglaterra, ele comandou o lendário time brasileiro ao
tricampeonato mundial em 1970, no México – é o único jogador a vencer três
Copas.
Pelo Santos, Pelé é dono de marcas impressionantes: venceu dez vezes o
Campeonato Paulista, torneio do qual foi o artilheiro por nove temporadas
seguidas. Ainda foi bicampeão da Libertadores e do Mundial de clubes, em 1962 e
1963. Foi também com a camisa branca do Peixe que marcou seu milésimo gol,
contra o Vasco, no Maracanã, no dia 19 de novembro de 1969.
Segundo números do Santos, Pelé marcou pelo clube 1.091 gols em 1.116
jogos.
Com a camisa canarinho, Pelé disputou 113 jogos e marcou 95 gols, de
acordo com números da CBF. Nas contas da Fifa, que considera apenas jogos entre
seleções, são 77 gols em 91 partidas.
Em toda a carreira, Pelé fez 1.282 gols em 1.364 partidas na contabilização
feita pelo Santos. Nas redes sociais, o Rei dizia ter feito um a mais, 1.283.
Vida e obra
O garoto Edson ainda não tinha completado 10 anos quando viu o pai,
Dondinho, chorando ao lado do rádio. A seleção brasileira havia acabado de ser
batida pelo Uruguai na dolorosa derrota do Maracanã, na final da Copa de 1950,
enterrando o sonho de toda a nação de ser campeã do mundo. Aquelas lágrimas
levaram Dico, como era chamado na casa dos Arantes do Nascimento, em Bauru, a
uma promessa: ganharia um Mundial para o pai se ele parasse de chorar.
Dico pouco depois se transformaria em Pelé e cumpriria aquele juramento:
venceria não só uma, mas três Copas. Com sobras, ainda se tornaria o maior
jogador de futebol de todos os tempos, ícone máximo de um esporte que, para
muitos, é religião. Virou Rei, conquistou o mundo, e hoje seus súditos choram a
sua morte, aos 82 anos.
Levará consigo marcas que talvez nunca sejam superadas. É o único
tricampeão do mundo – a primeira taça vencida ainda como adolescente, aos 17
anos, na Suécia –, contou 1.281 gols, 95 deles pela Seleção, numa carreira de
21 anos que começou no Santos, em 1956, e terminou no Cosmos, de Nova York, em
1977.
Sem as chuteiras, tornou-se um astro internacional, foi astro de cinema,
gravou discos e emprestou sua imagem para vender uma infinidade de produtos, o
maior garoto-propaganda tupiniquim. Teve uma vida atribulada, com polêmicas que
vez ou outra o fizeram de vidraça. Ganhou fama de pé-frio, com seus palpites de
pontaria que não poderia ser comparada, nem de longe, à de seus chutes.
Nos últimos anos, a casca dura de herói imbatível foi afinando com os
seguidos problemas de saúde que mostravam a todos que Pelé era um ser humano –
pois é, acredite. Em 2012, passou por uma cirurgia para corrigir um desgaste no
quadril que lhe tirou parte do fêmur, afetado pelas imparáveis arrancadas nos
anos de gramado. Em 2014, outro susto: foi internado para uma cirurgia de
retirada de cálculos renais e, duas semanas depois, voltou ao hospital para
tratar uma infecção urinária. Um ano depois, passou por uma cirurgia na coluna.
Em 2019, voltou a sofrer com problemas urinários e foi internado – primeiro em
Paris, depois em São Paulo.
Os primeiros toques na bola
– Voltei para casa, era quase meio-dia, sentei para almoçar. Falei para
Celeste: “Não é que a vizinhança tem razão? O menino tem jeito para a coisa”.
Ela continuou disfarçando. Eu insisti: “Se continuar assim, acho que o Pelé vai
longe”. Aí ela se virou depressa: “Que Pelé?”. Eu emendei: “Quero dizer, o
Dico. Imaginem que lá no campo todos chamam o Dico de Pelé”. A Celeste não se
aguentou: “Vê se não troca o apelido do menino”.
Foi assim que Dondinho contou sobre a primeira vez que viu o filho
jogar, no Bauru Atlético Clube (BAC), em relato publicado pela Folha de S.Paulo
em 20 de novembro de 1969, dia seguinte ao do histórico gol de pênalti sobre o
Vasco, no Maracanã, o milésimo de Pelé.
Exímio cabeceador, Dondinho rodou pelo interior do país atrás de uma
bola. Em Três Corações (MG), serviu ao exército e fez seus gols pelo Atlético
da cidade. Ali conheceu Maria Celeste e o casal teve seus três filhos, Edson,
Jair e Maria Lúcia. Em 1940, mesmo ano em que Pelé nasceu, chamou a atenção do
Atlético-MG, foi a Belo Horizonte e fez uma única partida: sofreu uma grave
lesão contra o São Cristóvão, do Rio, que enterrou sua chance numa equipe
grande.
Foi para Bauru na metade daquela década para atuar pelo Baquinho, como
era chamada a equipe do interior paulista. Foi bem, venceu o torneio do
interior de 1946. Mas Dondinho não imaginava a contribuição que daria ao
futebol ao permitir que o filho treinasse pelo quadro juvenil do clube.
Ali Dico virou Pelé: uma confusão com o nome que o garoto gostava de
usar ao fazer defesas – sim, ele atuava no gol –, uma homenagem a Bilé, goleiro
do Vasco de São Lourenço (MG), onde o pai jogou antes de chegar ao BAC. A
alcunha irritava o menino, tanto quanto a Dona Celeste, mas pegou.
Pelé com o pai Dondinho e a mãe Celeste — Foto: Fifa
No começo dos anos 1950, o ex-jogador Waldemar
de Brito foi contratado pelo clube bauruense para cumprir papel de
observador-técnico. Impressionado com Pelé, com só 15 anos, convenceu a família
a deixá-lo partir para Santos, onde aquele menino ergueria seu reino.
– Durante a viagem, os olhos de meu filho
brilhavam. Ele não parecia nada triste com a separação. Olhava tudo pela
janela, acho que logo se esqueceu das lágrimas da mãe. Eu estava só
acompanhando os riscos do destino. [...] Finalmente, chegou o dia: Pelé foi
para a estação, não vender pastéis, como antes, mas com uma maleta – escreveu
Dondinho.
A
chegada a Santos
Pelé desembarcou no litoral paulista em 8 de
agosto de 1956. Estrearia com a camisa alvinegra quase um mês depois, no Dia da
Independência do país, num amistoso contra o Corinthians de Santo André –
entrou em campo no segundo tempo, no lugar do artilheiro Del Vecchio, e marcou
o sexto gol santista. A partir dali, nem o clube nem Pelé seriam os mesmos.
O jogador participou de seu primeiro
Campeonato Paulista em 1957, quando foi artilheiro – condição que repetiria nas
oito temporadas seguintes. Com Pelé, o Santos, que até então havia vencido o
estadual apenas três vezes (1935, 1955 e 1956), somou outras dez taças a sua
coleção. De coadjuvante regional, o clube seria lançado ao posto de
protagonista mundial com seu novo astro.
Pela equipe da Vila Belmiro, Pelé anotaria
1.091 gols e seria o principal nome de uma constelação de craques como Gilmar,
Zito, Pepe, Dorval, Mengálvio, Clodoaldo e Coutinho, entre tantos. Com eles,
venceu também cinco vezes a Taça Brasil (entre 1961 e 1965), a Taça Roberto
Gomes Pedrosa (1968), a Libertadores (1962 e 1963) e o Mundial (nos mesmos
anos), além de uma infinidade de troféus de menor expressão.
Rei de
Copas
Pelé contra o Boca Juniors em 1963 — Foto: Santos / Acervo
Precoce, Pelé iniciou sua história na Seleção
ainda em 1957, campeão da Copa Rocca. A convocação para a Copa do Mundo do ano
seguinte, na Suécia, porém, ainda era um sonho para o menino. Mas Vicente Feola
voltou a apostar no garoto de 17 anos para o torneio na Europa. Na preparação,
durante um amistoso contra o Corinthians, no Pacaembu, Pelé recebeu uma entrada
do zagueiro Ari Clemente e se machucou. A lesão quase o tirou do Mundial, mas
sua viagem foi bancada pela comissão técnica.
Camisa 10, escolhida de forma aleatória –
menos para quem acredita em destino –, Pelé estrearia apenas na terceira
partida, contra a União Soviética. Nas quartas de final, o jovem atacante
marcaria seu primeiro gol em Copas contra o País de Gales, o da vitória por 1 a
0. Na semi, contra a França, Pelé passeou: fez três e colocou o Brasil na final
para enfrentar o time da casa – uma goleada de 5 a 2, dois gols do jovem
atacante. No estádio Rasunda, em Estocolmo, Dico chorava nos ombros de Gilmar
ao cumprir a promessa feita oito anos antes ao pai.
Quatro anos depois, no Chile, Pelé já era uma
estrela mundial. Os olhos das arquibancadas, assim como os dos adversários, já
o procuravam pelo campo. Na segunda rodada, porém, o inesperado: o craque
arriscou um chute de longe, sentiu uma forte dor e foi ao chão. Um estiramento
tirava da Copa o principal atleta da Seleção. Outro fora de série, então,
chamou a responsabilidade e carregou a equipe ao bicampeonato: de pernas
tortas, Garrincha preencheu o vazio deixado por Pelé com maestria.
Pelé chora nos ombros de Gilmar ao comemorar o título mundial de 1958 — Foto: Agência AP
O torneio de 1966 foi decepcionante. O Brasil
fez uma preparação conturbada, Pelé foi caçado pelos rivais, e o time caiu sem
passar pela fase de grupos. A má impressão deixada na Inglaterra seria apagada
logo na Copa seguinte, no México, com a lendária Seleção de 1970.
A mais celebrada equipe de todos os tempos
venceu os seis jogos e trouxe a taça Jules Rimet para o Brasil definitivamente.
Alguns dos mais lembrados lances de Pelé têm os estádios Jalisco e Azteca como
cenários, inclusive os que não balançaram as redes, como a tentativa de
encobrir o goleiro Viktor, da Tchecoslováquia, com um chute do meio-campo, o
incrível drible de corpo em Mazurkiewicz na semifinal contra o Uruguai, ou o
cabeceio que obrigou Gordon Banks, da Inglaterra, a fazer a mais bela defesa em
Copas.
Na final contra a Itália, Pelé abriu o caminho
da goleada por 4 a 1 com um gol no primeiro tempo – um dos quatro que ele
anotou naquele Mundial. Após sua terceira conquista, o camisa 10 nunca mais
disputaria uma Copa. Um ano depois, daria adeus também à camisa amarelinha em
amistosos em São Paulo e no Rio.
1, 2,
3... 1.000
Assim que o menino franzino, de só 15 anos,
dominou a bola, invadiu a área e tocou na saída de Zaluar para fazer o sexto
gol do Santos no amistoso contra o Corinthians de Santo André, o goleiro não
sabia, mas tinha acabado de participar de um momento histórico. A percepção não
demorou e o arqueiro do time do ABC logo tratou de capitalizar: a cada nova
pessoa que conhecia, entregava um cartão com seu nome, Zaluar Torres Rodrigues,
e a descrição “goleiro do 1º gol de Pelé”.
Entre aquele jogo, em 1956, no estádio Américo
Guazzelli, até o duelo com o Vasco, 13 anos depois, no Maracanã, Pelé anotou
outros 998 gols. Andrada, goleiro cruz-maltino naquele 19 de novembro, quando
viu o camisa 10 santista ajeitar a bola na marca do pênalti, sabia estar diante
de um lance inesquecível – e fez de tudo para evitá-lo. Sem conseguir, socou o
gramado, raivosamente, enquanto repórteres invadiam o campo para registrar o
milésimo gol do Rei, um feito notável e que jamais foi repetido – não sem
contestação, ao menos.
Pelé comemra gol do Brasil — Foto: Divulgação
As façanhas de Pelé nesse meio tempo foram
muitas: foi artilheiro do Paulista por nove campeonatos consecutivos – no de
1958, fez impressionantes 58 gols; balançou a rede do Botafogo, de Ribeirão
Preto, oito vezes num só jogo, uma goleada de 11 a 0, em 1964; ganhou uma placa
no Maracanã ao anotar uma pintura na vitória do Santos sobre o Fluminense por 3
a 1 no Rio-São Paulo de 1961; fez, na rua Javari, o mais lindo tento de sua
carreira, visto apenas pelos que estavam no acanhado estádio do Juventus, já
que até hoje não se encontraram registros da jogada em que Pelé aplica quatro
chapéus nos defensores rivais antes de tocar para o gol. Faltou a ele apenas
superar a marca do pai, Dondinho, que teria feito cinco gols de cabeça em uma
única partida – chegou perto, com quatro.
Após a noite em que dedicou o milésimo às
crianças do Brasil, Pelé manteve os pés afiados e fez outros 281 gols até 1977,
quando deixou os campos de vez no Cosmos, de Nova York.
Vida de
celebridade
Se dentro das quatro linhas Pelé era uma
unanimidade, do lado de fora dos estádios sua vida foi recheada de polêmicas
típicas das celebridades. O jogador se casou pela primeira vez em 1966 com
Rosemeri Cholbi, com quem teve três filhos: Kelly Cristina, Edson, o Edinho, e
Jennifer. O relacionamento terminou em 1978 e, dois anos depois, o Rei conheceu
a modelo Xuxa Meneghel, com 17 anos à época. O namoro, acompanhado passo a
passo, durou seis anos.
Pelé com o papa João Paulo II em 1987 — Foto: Reuters
Pelé também teve duas filhas fora do
casamento, reconhecidas, por caminhos diferentes, na década de 1990. A situação
de Sanda Regina foi a que mais abalou a imagem do Rei. Nascida em 1964, ela
iniciou um processo judicial em 1991 pedindo reconhecimento de Pelé como seu
pai, o que só aconteceu após cinco anos de batalha nos tribunais. O ex-jogador
recorreu da decisão diversas vezes e nunca foi próximo à filha, que morreu em
2006, vítima de um câncer.
Com Flávia Kurtz a situação foi diferente.
Fruto de um relacionamento nos anos 1970, Pelé só a conheceu em 1994. Por anos
manteve a situação em segredo e só a tornou pública oito anos depois.
Fisioterapeuta, Flávia sempre participou dos tratamentos de saúde do pai. Pelé
também teve outros dois filhos, os gêmeos Joshua e Celeste, de seu casamento
com a psicóloga Assíria Lemos.
Aposentado do futebol, Pelé se arriscou por
diversas áreas: foi ator, cantor, garoto-propaganda e político. Foi durante a
sua gestão como Ministro do Esporte, no governo FHC, que foi promulgada a lei
que leva seu nome. A legislação, entre outras coisas, acabou com o passe que
prendia os atletas aos clubes independentemente do tempo de contrato.
Últimos
anos
Símbolo de saúde, o Rei começou a demonstrar
sua fragilidade depois dos 70 anos. Em 2012 precisou passar por uma cirurgia de
artrosplastia total do quadril direito. À época, a assessoria do ex-jogador
informou que Pelé aproveitaria uma internação para exames de renovação de um
seguro para corrigir “probleminhas de quadril”.
A situação era mais séria do que o Pelé queria
deixar transparecer. Numa operação de 1h30, os médicos retiraram a cabeça do
fêmur e a substituíram por uma prótese plástica, o que obrigou o ídolo a se
locomover por um tempo em cadeira de rodas. Na saída do hospital, chorou e
agradeceu as mensagens de apoio recebidas. Durante a recuperação, manteve-se
recluso para não ser visto em dificuldade.
Pelé em foto publicada em fevereiro de 2022 — Foto: Arquivo pessoal
Dois anos depois, cancelou um evento em
Santos, horas antes do início, com um mal-estar. Ficou três dias internado após
cirurgia para a retirada de pedras nos rins. Posteriormente, numa visita aos
médicos para acompanhamento do procedimento, voltou a ser internado, desta vez
com uma infecção urinária. O problema se tornou recorrente. Em 2019, voltou a
incomodar, e Pelé foi internado em Paris, onde recebeu a visita de Neymar, e
depois em São Paulo.
Pelé voltou a precisar de cuidados médicos em
2021, quando passou por uma cirurgia para a retirada de um tumor no intestino.
Por conta do tratamento agressivo com quimioterapia, a saúde do Rei se
complicou ao longo de 2022.
A doença se transformou no mais duro zagueiro
que Pelé já enfrentou, o único pelo qual não conseguiu passar. Entre suas
manias, uma chamava a atenção: a insistência de separar suas duas personas, a
de se referir a si mesmo na terceira pessoa, talvez consciente das poucas
certezas que a vida tem. Edson morreu. Pelé, a lenda, viverá para sempre.
Por: ge - São Paulo