Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Os EUA
também aplicaram sanções contra autoridades do regime venezuelano e de empresas
estatais como a Petróleos da Venezuela
No dia em que o ditador venezuelano Nicolás
Maduro foi empossado pela terceira vez consecutiva, em Caracas, países que
acusam a eleição de 28 de julho de fraudulenta e contestam a vitória do
chavista, como os Estados Unidos e o Reino Unido, fizeram uma série de críticas
e sanções contra a posse. Washington também elevou de US$ 15 milhões (R$ 91
milhões) para US$ 25 milhões (R$ 152 milhões) a recompensa por informações que
possam levar à captura do líder chavista. O mesmo valor foi oferecido por
informações sobre o ministro do Interior, Diosdado Cabello, considerado o
número 2 do regime.
Maduro e Cabello são acusados pelo governo
americano de narcoterrosimo. O Departamento de Estado também anunciou que
continua vigente a denúncia contra o mandatário por envolvimento em operações
para levar cocaína ao mercado dos EUA. Ofereceu ainda US$ 15 milhões por
informações sobre o ministro da Defesa e chefe do Exército, Vladimir Padrino
López, principal figura da cúpula militar venezuelana.
Os EUA também impuseram sanções a oito altos funcionários venezuelanos,
incluindo o presidente da petrolífera PDVSA, o ministro dos Transportes e o
chefe da Conviasa, a companhia aérea estatal, informou o Departamento do
Tesouro nesta sexta. Foram sancionados porque "permitem a repressão de
Nicolás Maduro e a subversão da democracia na Venezuela", acrescentou. Autoridades
americanas em uma entrevista coletiva por telefone qualificaram ainda a posse
desta sexta como uma "farsa".
Já o Ministério das Relações Exteriores britânico anunciou, sanções
contra quinze funcionários de alto escalão do governo do presidente venezuelano,
Nicolás Maduro, o qual chamou de "fraudulento". Em comunicado, a
chancelaria destaca que "o resultado das eleições de julho não foi livre
nem justo e seu regime não representa a vontade do povo venezuelano".
As medidas são uma resposta imediata à posse de Maduro, em base a
resultados eleitorais que os EUA e o Reino Unido, entre muitos outros países,
não reconhecem por não apresentarem as atas que o comprovem. Em seu discurso, o
ditador venezuelano acusou o governo Joe Biden de apoiar movimentos opositores
que buscam "desestabilizar" o país. Poucos dias antes da cerimônia,
Maduro ativou um plano militar em todo país após denunciar supostos planos para
impedir sua posse.
Esses países também criticam a repressão do regime contra opositores,
que recrudesceu em dois momentos-chave: logo após as eleições, em meio ao
aumento de protestos contra os resultados divulgados, e poucos dias antes da
possa. A ONG Foro Penal informou nesta sexta que houve 49 prisões políticas no
país só em janeiro, sendo 42 desde o último dia 7, terça-feira.
Apesar disso, muitos opositores se reuniram na véspera em vários pontos
e Caracas e outros estados do país para protestar com a posse. A líder da
oposição, María Corina Machado, deixou a clandestinidade para liderar uma
concentração em um bairro comercial da capital. No fim do evento, a oposição
acusou o governo de deter temporariamente a ex-deputada, soltando-a logo após
forçá-la a gravar vídeos. A detenção levou a uma enxurrada de críticas e
condenações dos líderes e autoridades, que já acompanhavam de perto a situação
política no país. O governo negou categoricamente a detenção, classificando-a
como "mentira".
Com informações de O GLOBO