Quinta-feira, 04 de dezembro-(12) de 2025
Matéria do Portal MaisPB
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| Foto: Reprodução |
Na manhã do último domingo (30) um jovem de 19
anos, identificado como Gerson de Melo Machado, morreu após invadir o recinto
das leoas, no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, a Bica, em João Pessoa (PB). A
família informou que Gerson tinha diagnóstico de esquizofrenia e histórico de
parentes com transtornos mentais, mas nunca recebeu acompanhamento psicológico
contínuo. O episódio comoveu o país e acendeu o alerta para os cuidados com a
saúde mental.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
estima-se que 1,6 milhão de brasileiros sejam diagnosticados com esquizofrenia.
Ainda segundo a OMS, normalmente os sintomas começam a se manifestar na
adolescência, sendo a terceira maior causa de perda de qualidade de vida entre
pessoas de 15 e 44 anos de idade.
O neuropsicólogo da Hapvida, Samuel Cavalcanti,
explica que a esquizofrenia é um transtorno mental crônico e grave que afeta a
forma como uma pessoa pensa, sente e se comporta, levando a uma desconexão com
a realidade.
Ele afirma que o problema envolve um conjunto de
fatores sociais, afetivos e clínicos que precisam ser considerados desde cedo.
Segundo ele, a falta de cuidado e afeto na infância, somada à ausência de
tratamento contínuo, pode favorecer comportamentos de risco e aumentar a
vulnerabilidade de pessoas com sintomas psicóticos.
Além disso, no caso específico de Gerson, que era
conhecido como Vaqueirinho, havia um histórico familiar ligado à doença: a mãe
e a avó eram esquizofrênicas. Segundo o psicólogo, em situações assim, a chance
de desenvolver o transtorno varia de 50% a 70%. O especialista explica que a
esquizofrenia, quando não tratada, pode levar a perda de noção de realidade e a
inserção da pessoa em um mundo fantasioso, diminuindo a percepção de
consequências.
Preconceito – Samuel Cavalcanti também chama
atenção para o preconceito persistente em relação aos transtornos mentais. “Os
transtornos estão sendo demonizados. As pessoas escondem, fazem piadas, mas
isso só piora. Quando a gente não fala sobre, apenas potencializamos esse
transtorno. A esquizofrenia não tem cura, mas tem tratamento. Avaliar, medicar
e tratar salva vidas. Quando não damos acesso a isso, estamos levando o
paciente para uma morte a curto ou longo prazo”, aponta.
O psicólogo também pontua que os mitos e a
desinformação atrasam o acesso aos cuidados e podem levar a desfechos graves.
“A doença é real, não é brincadeira, não é piada. É importante que quem conhece
pessoas com sintomas esquizóides procure ajuda. Quando a gente se cala, a gente
cala o outro também”, alerta.
Sintomas – Os sintomas da esquizofrenia incluem
sintomas psicóticos como alucinações (ouvir vozes, ver coisas que não existem),
delírios (crenças falsas, como a de perseguição) e pensamento desorganizado.
Também são comuns sintomas negativos, que são a perda de funções normais, como
apatia emocional, falta de motivação e dificuldade na comunicação. Outros
sintomas incluem déficits cognitivos (problemas de memória e atenção) e
comportamento motor desorganizado.
Tratamento – O tratamento para a doença geralmente
envolve uma abordagem combinada de medicamentos antipsicóticos, psicoterapia e
suporte psicossocial (como reabilitação, terapia ocupacional e psicoeducação).
Os especialistas afirmam que essa combinação terapêutica tem o objetivo de
controlar os sintomas, ajudar o paciente a lidar com a doença, desenvolver
habilidades e promover a autonomia e reintegração social. O tratamento deve ser
acompanhado por profissionais de saúde e é um processo contínuo.
Por: MaisPB

