Domingo, 01 de Novembro de 2015
O
Vaticano voltou a ser assolado por um clima de suspeitas e fofocas, após ser
descoberto que o computador do revisor geral da Santa Sé, Libero Milone, fora
violado. Milone, de 67 anos, é um profissional escolhido pelo papa Francisco em
junho para supervisionar as contas, balanços e orçamentos de todos os
organismos e escritórios do Vaticano.
O episódio reviveu os fantasmas do "Vatileaks",
caso de vazamento de documentos sigilosos da Santa Sé em 2012 e que levou à
prisão o mordomo Paolo Gabriele e abalou o Pontificado de Bento XVI, o qual
renunciou ao cargo em fevereiro de 2013. A notícia da violação do computador
foi divulgada em uma programa televisivo na Itália, pelo jornalista Luigi
Bisignani, e não foi desmentida e nem confirmada pela Santa Sé, que se limita a
"não comentar" o caso. Nos bastidores, porém, a notícia é dada como
certa.
De acordo com fontes locais, o computador de Milone foi
violado há duas semanas em seu escritório, na Via della Conciliazione, em Roma.
O próprio Milone teria denunciado o crime à Germandería vaticana, que iniciou
uma investigação. Milone tem 32 anos de experiência em finanças, com passagens
pelas empresas Deloitte Touche, para a qual foi CEO na Iitália.
Ele também já atuou nos conselhos de administração da Fiat e
da Indesit. Atualmente, existe um clima de conflito no Vaticano pelo controle
das finanças entre a Secretaria para a Economia, encabeçada pelo cardeal
australiano George Pell, e a secretaria de Estado, liderada pelo cardeal
italiano Pietro Parolin, considerado o primeiro-ministro vaticano.
Há três dias, veio à tona uma carta de Francisco para
Parolin, cujo conteúdo tinha Pell como destinatário. No documento, o Papa dizia
que, diante dos "problemas", todos os contratos pessoais e de
funcionários assinados por qualquer secretaria ou ministério deveriam receber o
aval da Secretaria de Estado e não superar os tetos fixados nas regras e normas
em vigor.
O episódio com o computador de Milone só acende ainda mais o
clima de desconfiança no Vaticano, depois que o jornal italiano "QN"
divulgou que o Papa estaria com um tumor benigno no cérebro - fato negado
diversas vezes pela Santa Sé --. Além disso, há preocupação com a iminente
publicação dos livros "Via Crucias", de Gianluigi Nuzzi, e "
Avarizia", de Emiliano Fittipaldi.
O Vaticano considera inadmissível que os dois livros citem
documentos sigilosos, alguns deles reservados a comissões financeiras
vaticanas, de acordo com os autores. A publicação das obras tem sido
considerada um ataque direto a Francisco e a suas reformas na Santa Sé.
JB Online