Domingo, 06 de novembro de 2016
Vice-presidente divulgou, por engano, um áudio que fala sobre o
suposto impeachment da presidente no domingo
Vice-presidente divulgou, por engano, um áudio que fala sobre
o suposto impeachment da presidente no domingo | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom
/ Agência Brasil / CP
O ministro Jaques Wagner, da chefia de Gabinete da presidente
Dilma Rousseff, disse nesta segunda-feira, que o vice-presidente Michel Temer, ao gravar um áudio para os parlamentares, ao gravar um áudio para os parlamentares,
como se o processo de impeachment tivesse sido aprovado na Câmara dos
Deputados, deixa clara a "marca de patrocinador do golpe". Segundo
Jaques Wagner, o áudio "foi um desrespeito aos parlamentares que ainda não
votaram nem o relatório da Comissão de Impeachment".
A fala de Temer causou surpresa no Planalto,
mas a avaliação geral foi de que o vazamento do áudio em que Temer diz estar
preparado para assumir a Presidência, antes mesmo da votação do processo
de impeachment na Câmara, foi bom para Dilma. De acordo com interlocutores da
presidente, isto "escancara que há uma conspiração para tirá-la do
cargo", reforçando a ideia de que tudo não passa de um
"golpe".
Assessores da presidente Dilma acham ainda que o vazamento
"foi um tiro no pé" do próprio Temer e de seus aliados porque faz
"cair a máscara" de como ele age, conspirando o tempo
todo contra o governo. Prova ainda as afirmações que vinham sendo feitas
de que ele estava tramando contra a presidente Dilma, desde o início. Apesar
disso, no Planalto, auxiliares de Dilma acreditam que não houve vazamento,
mas sim a divulgação intencional do que Temer pensa e o que quer fazer.
Em seu Twitter, Jaques Wagner afirma que o governo ainda
está trabalhando tanto na Comissão Especial quanto no plenário "para deter
a marcha do golpe". O governo avalia que melhoraram as condições para
a presidente Dilma nas últimas horas. Na última sexta-feira, a avaliação era de
que o quadro tinha piorado e que os votos estavam na casa dos 180 votos. Nesta
segunda, a conta era de 200 votos, pela manhã, e agora já chega a 208. No
Twitter, Jaques Wagner diz que "a disputa final acontecerá no domingo, dia
em que sairemos vitoriosos com mais de 200 votos contrários ao impeachment
de @dilmabr". Wagner lembra que "a votação de hoje é só a primeira
etapa da batalha".
ComissãoPara esta segunda, o governo diz que "os ventos
melhoraram", embora reconheça que é difícil vencer na comissão. Uma das
planilhas governistas, no entanto, estaria apontando para o empate na
comissão, deixando para o presidente deputado Rogério Rosso (PSD-DF) o
"voto minerva" de desempate. Embora muitos aleguem que Rosso está ao
lado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Planalto, há um
entendimento que a pressão do ministros das Cidades, Gilberto Kassab, do mesmo
partido dele, o PSD, teria uma influência. De acordo com Wagner,
"mesmo que eles ganhem, será por uma margem apertada, será a vitória do
time que precisava fazer sete gols e fez dois".
Já o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse
que está "estupefato" com o áudio de Temer e admitiu que está
disputando uma eleição indireta. "Ele está confundindo a apuração de
eventual crime de responsabilidade da presidente Dilma com eleição
indireta", completou.
CORREIO DO POVO