Quinta-feira, 04 de janeiro de 2017
CGU identificou indícios de
inconsistência nos dados sobre mais de 2,5 milhões de famílias
Imagem ilustrativa
Auditoria feita pelo Ministério da
Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) identificou “indícios de
inconsistência cadastral” nos dados sobre mais de 2,5 milhões de famílias que
recebiam o benefício do Programa Bolsa Família. Do total, cerca de 470 mil
famílias estavam enquadradas na faixa com renda per capita acima de meio
salário mínimo. Nesse caso, os benefícios foram cancelados.
Cerca de 1,5 milhão de famílias tinham
renda per capita entre R$ 170 e meio salário mínimo. Elas tiveram o benefício
bloqueado e a liberação só será feita depois que o beneficiário fizer o
recadastramento. Somando as famílias que tiveram o Bolsa Família cancelado com
as que tiveram o benefício bloqueado, o total chega a cerca de 1,97 milhão.
O levantamento identificou ainda
“indícios de inconsistência cadastral” nos dados sobre cerca de 620 mil
famílias enquadradas na faixa com renda familiar per capita de até R$ 170. Por
enquanto, esses beneficiários não terão o Bolsa Família cancelado ou bloqueado,
mas precisarão fazer o recadastramento, segundo a CGU.
Para chegar a esses resultados, a CGU
adotou uma nova metodologia de cruzamento de dados envolvendo diversos órgãos e
cadastros do governo federal. A nova metodologia foi proposta por um grupo de
trabalho formado por representantes da Casa Civil da Presidência da República,
do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento, da CGU, do Instituto
Nacional de Seguro Social (INSS) e da Caixa Econômica Federal, além do MDS.
Em outra frente de auditoria, a CGU
comparou as rendas registradas em outras bases de dados oficiais com as
declaradas no Cadastro Único do Bolsa Família, “a fim de identificar famílias
que teriam fornecido informações inverídicas”. Foram então apontadas quase 346
mil famílias com “fortes indícios de terem falseado a declaração da informação
de renda no momento do cadastro”. De acordo com a CGU, isso representa R$ 1,3
bilhão em pagamentos indevidos para um período de dois anos. Por meio de nota,
a CGU acrescenta que, sendo comprovadas as irregularidades, serão abertos
processos administrativos e aplicadas “sanções legais, tais como devolução de
valor” e a impossibilidade de retorno ao Bolsa Família pelo prazo de um ano.
Das 346 mil famílias que não teriam
informado renda existente quando se cadastraram no programa, cerca de 297 mil
teriam uma renda subdeclarada entre meio e um salário mínimo; e 34,9 mil teriam
renda subdeclarada entre um e um salário mínimo e meio.
Diante desse cenário, a CGU apresentou
algumas recomendações para aprimorar os controles relativos ao Cadastro Único.
Entre elas a adoção de um processo prévio de verificação das informações
declaradas e a regulamentação de critérios de geração de pendências e de
invalidação do cadastro das famílias identificadas no processo de averiguação.
O público-alvo do programa é formado,
prioritariamente, por 13,5 milhões famílias que vivem em situação de extrema
pobreza, com renda mensal por pessoa de até R$ 85, e de pobreza, com renda
mensal per capita entre R$ 85,01 e R$ 170. Para receber o benefício é necessário
que haja na família crianças ou adolescente
Agência Brasil
Pedro Peduzzi