Sexta-feira, 07 de julho-(07) de 2023
Matéria do Agência Brasil
![]() |
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante cerimônia de investidura no cargo. |
O Ministério da Saúde vai substituir gradualmente a
vacina oral contra poliomielite pela versão inativada do imunizante a partir de
2024. A recomendação foi debatida e aprovada pela Câmara Técnica de
Assessoramento em Imunização que considerou as novas evidências científicas
para proteção contra a doença.
Essa atualização não representa o fim imediato do
imunizante na versão popularmente conhecida como gotinha, e sim um avanço tecnológico
para maior eficácia do esquema vacinal a ser feito após um período de
transição, informou o ministério.
A indicação da câmara técnica foi para que o Brasil
passe a adotar exclusivamente a vacina inativada poliomielite no reforço aos 15
meses de idade, o que atualmente é feito com a forma oral do imunizante. A
forma injetável é aplicada aos dois, quatro e seis meses de vida, conforme o
Calendário Nacional de Vacinação. Portanto, após um período de transição que
começa no primeiro semestre de 2024, as crianças brasileiras que completarem as
três primeiras doses da vacina irão tomar apenas um reforço com a injetável aos
15 meses.
A dose de reforço aplicada atualmente aos quatro
anos não será mais necessária, já que o esquema vacinal com quatro doses garantirá
a proteção contra a pólio. A atualização considerou os critérios
epidemiológicos, as evidências relacionadas à vacina e as recomendações
internacionais sobre o tema.
Movimentos da sociedade
A nova recomendação foi apresentada, nesta
sexta-feira (7), durante live [transmissão ao vivo pela internet] da ministra
da Saúde, Nísia Trindade, com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
“A retomada das altas coberturas vacinais é uma
prioridade do governo federal. Esse é um movimento, não uma campanha isolada,
justamente pela ideia de continuidade e pelo constante monitoramento de
resultados. Esse trabalho não se restringe ao Ministério da Saúde, por isso
estamos indo aonde estão os movimentos da sociedade”, explicou a ministra.
Desde 1989 não há notificação de caso de pólio no
Brasil, mas as coberturas vacinais contra a doença sofreram quedas sucessivas
nos últimos anos. Em todo o Brasil, a cobertura ficou em 77,19% no ano passado,
longe da meta de 95% para essa vacina. Por isso, a mobilização para retomar as
altas coberturas vacinais no país, que já foi referência internacional, é
fundamental.
Multivacinação
Durante a live, também foi abordada a ação de
multivacinação voltada para menores de 15 anos com todas as vacinas do
calendário nacional. A ideia é checar as cadernetas de vacinação e atualizá-las
com as doses faltantes.
O Ministério da Saúde vai repassar mais de R$ 151
milhões para estados e municípios investirem nas ações de vacinação. A portaria
com a destinação dos recursos será publicada nas próximas semanas.
Para combater o risco de reintrodução de doenças
que já foram eliminadas pela vacinação – como a poliomielite – o ministério
adotou o microplanejamento em que ele trabalha com estados e municípios para
melhorar o planejamento das ações de vacinação.
Equipes irão aos estados para participar de ações
deste método, como a análise da situação dos dados (características
geográficas, socioeconômicas e demográficas locais), definição de estratégias
de vacinação, seguimento e monitoramento das ações e avaliação de todo o
processo da vacinação para o alcance das metas.
Estratégia
A ideia é que o município se organize e se planeje
considerando a realidade local. Neste sentido, a estratégia de imunização será
adaptada conforme a população, a estrutura de saúde e a realidade
socioeconômica e geográfica. Entre as estratégias que podem ser adotadas
através do microplanejamento pelos municípios estão a vacinação nas escolas, a
busca ativa de não vacinados, vacinação em qualquer contato com serviço de
saúde, vacinação extramuros, checagem da caderneta de vacinação e
intensificação da vacinação em áreas indígenas.
Com base nessa estratégia, antecipou-se a
multivacinação em estados de fronteira, como Acre e Amazonas. O próximo estado
a receber essa ação será o Amapá, a partir do dia 15 de julho, com um Dia D da
Vacinação.
Por: Agência Brasil