Terça-feira, 16 de abril-(04) de 2024
Presidente do Ibama apresenta desafios para preservação do
bioma.
(Foto: Reprodução/Google Street View)
O Brasil já perdeu 34 milhões de
hectares dos 82,6 milhões de hectares da Caatinga, alertou o presidente do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), Rodrigo Agostinho, durante a participação em um seminário técnico-científico
sobre o bioma. No encontro, que teve a participação da ministra do Meio
Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ele apresentou os desafios para que
a meta de desmatamento zero se estenda à vegetação nativa predominante no
Nordeste brasileiro.
Agostinho destacou as características
que apontam a necessidade de uma política pública específica para o bioma, como
o alto grau de espécies exclusivas que já passaram por transformações pela
atividade humana.
“A caatinga tem 60% de área de
vegetação nativa ocupada, das quais uma boa parte já passou por processo de
antropização seguidos, como corte raso, queimas reiteradas, extração seletiva
de vegetação e animais, introdução de espécies exóticas”, afirma.
Em decorrência dessa ocupação, já são
sentidos efeitos como a desertificação de mais de 10% do bioma, o que na visão
de Agostinho deve ser enfrentado com a criação de unidades de conservação,
recuperação da vegetação nativa e criação de dados de conservação para proteção
integral e uso sustentável.
A melhoria dos licenciamentos
ambientais e a demarcação dos territórios das populações tradicionais foram
outras necessidades elencadas pelo presidente do Ibama.
“Temos muita população tradicional e
que normalmente não é reconhecida, como o sertanejo, e isso é um desafio,
porque, de repente, chega um empreendimento e essas pessoas são expulsas de
suas áreas rapidamente”, ressaltou.
A transição energética também necessita
de um olhar atento para a Caatinga, na visão de Agostinho, que lembrou que
embora o crescimento das energias eólica e fotovoltaica sejam um desejadas pela
região, isso não pode custar o desmatamento da vegetação nativa.
“Não faz sentido colocar energia eólica
e solar desmatando extensas áreas de caatinga, só porque o preço da terra é
mais barato.”
Na análise da instituição, para
enfrentar o desmatamento, os efeitos das mudanças climáticas, a extinção de
espécies e as queimadas na Caatinga é necessário ir além das políticas de
combate e controle.
“No ano passado nós retomamos a
fiscalização da Caatinga, retomamos as nossas ações com força, com estratégia,
ampliamos os autos de infração em 69%, ampliamos as multas em quase 600% só no
bioma, ampliamos os embargos, que é, talvez a estratégia mais importante no
combate ao desmatamento, ampliamos a apreensão, mas o que a gente percebe é que
a gente precisa de estratégias robustas para fazer o enfrentamento”, reforça.
A ministra Marina Silva concordou com
Agostinho e lembrou que esse olhar diferenciado sobre cada bioma brasileiro é
uma das prioridades nas políticas públicas que vem sendo desenhadas pelo
governo federal.
Ela lembrou que o Plano de
Transformação Ecológica apresentado pelo Ministério da Fazenda no ano passado,
durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023
(COP28), é um exemplo disso, quando pensa instrumentos econômicos e sociais
para cada bioma.
“Combater o descaatingamento, o
desmatamento é um compromisso político, é um compromisso ético e é um
compromisso social, estético, porque esse mundo do diverso é maravilhoso”,
afirmou.
Por: Agência Brasil