Segunda-feira, 30 de setembro-(09) de 2024
Também nesta madrugada, aviões
israelenses alvejaram o centro de Beirute, um ponto que não era atacado desde o
conflito de 2006
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(Foto: Louisa Gouliamaki/ Reuters) |
O grupo terrorista Hamas anunciou nesta
segunda (30) que o seu líder no Líbano foi morto em um ataque israelense. Fatal
Sharif Abu al-Amine comandava as ações e a interação da organização palestina
com o Hezbollah libanês.
Ele morreu em uma ataque aéreo contra o
campo de refugiados palestinos Al-Bass, perto de Tiro, no sul do país. A ação,
que não foi ainda comentada por Israel, mostra que Tel Aviv segue expandindo
sua ação contra os rivais regionais.
Daqui a uma semana será lembrado o início da atual guerra no
Oriente Médio, disparada pelo ataque do Hamas que deixou 1.200 mortos e fez 251
reféns em Israel.
De lá para cá, a violência se multiplicou. O governo de Binyamin Netanyahu não
conseguiu destruir o Hamas e soltar os talvez 64 cativos ainda vivos, mas
degradou o grupo a um nível de insurgência.
O custo, nas
contas palestinas, foram 41,5 mil mortos -o Hamas não diz quantos eram
combatentes, metade do contingente segundo Israel. O Hezbollah entrou na luta
de forma parcial, elencando o grau de atrito no norte do país. Há duas semanas,
tudo mudou: Israel decretou que não toleraria mais a exclusão de 60 mil
moradores da região.
Passou a atacar o
Hezbollah com intensidade não vista desde a guerra entre os rivais em 2006. Do
ataque com pagers e walkie-talkies, escalou para bombardeios. Na sexta (27),
matou o líder do grupo fundamentalista, Hassan Nasrallah. O duro golpe foi
seguido por mais ataques, como o desta segunda.
Também nesta
madrugada, aviões israelenses alvejaram o centro de Beirute, um ponto que não
era atacado desde o conflito de 2006. Segundo a Frente Popular de Libertação da
Palestina, grupo famoso por seus sequestros de avião no passado, três de seus
líderes no exílio morreram no ataque.
O acerto de contas
regional de Netanyahu segue, elevando a expectativa acerca da reação do Irã, o
verdadeiro poder por trás da miríade de grupos anti-Israel, muitos com agendas
divergentes.
Até aqui, como no
episódio em que foi morto o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, a
teocracia adota retórica dura, mas na prática tem sido cautelosa. Concorre para
isso a agressividade de Israel e a dissuasão que os EUA, aliados de Tel Aviv,
promovem com a presença militar reforçada no Oriente Médio.
Na véspera, Israel
havia dado outro sinal ao atacar o porto iemenita de Hodeidah, controlado pelos
rebeldes houthis, também apoiados pelo Irã.
Eles haviam
lançado mísseis balísticos contra Tel Aviv, a 2.000 km de suas bases. Não houve
estragos, mas Israel decidiu mandar um sinal acerca de suas capacidades de
longa distância, promovendo a incursão aérea a 1.800 km de casa.
O
primeiro-ministro interino libanês, Najib Mikati, disse que o Líbano realizará
uma sessão para eleger o presidente assim que houver um cessar-fogo.
Por: Igor
Gielow - Jerusalém, Israel (Folhapress)