Segunda-feira, 30 de dezembro-(12) de 2024
Democrata comandou o país de 1977 a 1981 e foi vencedor do Nobel
da Paz em 2002; ele estava sob cuidados paliativos desde 2023
![]() |
(Divulgação/Georgia Institute of Technology) |
O ex-presidente dos Estados Unidos
James Earl Carter Jr, mais conhecido como Jimmy Carter, morreu neste domingo
(29), aos 100 anos. O democrata comandou o país de 1977 a 1981 e foi vencedor
do Nobel da Paz em 2002. Ele foi o mais longevo ex-presidente dos EUA da
história e estava sob cuidados paliativos desde fevereiro de 2023.
“Jimmy Carter, 39º presidente dos
Estados Unidos e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2002, morreu pacificamente
no domingo, 29 de dezembro, em sua casa em Plains, Geórgia, cercado por sua
família. Ele tinha 100 anos, o presidente mais longevo da história dos EUA”,
informou o Carter Center, organização sem fins lucrativos fundada em 1982 pelo
ex-presidente.
Carter foi o 39º presidente dos Estados
Unidos, após vencer o republicano e então presidente Gerald Ford. Ele foi
derrotado quando tentou se reeleger, em 1980, pelo também republicano Ronald
Reagan. Durante o mandato, Carter desempenhou papel importante nas negociações
pela paz no Oriente Médio.
Em agosto de 2015, Carter foi diagnosticado
com câncer e iniciou o tratamento do melanoma que se espalhou do fígado para o
cérebro. Em dezembro do mesmo ano, declarou estar curado da doença. No entanto,
a saúde do ex-presidente precisou de mais cuidados a partir de 2019, quando
teve de passar por uma cirurgia para aliviar a pressão no crânio.
Uma das últimas aparições públicas de
Carter foi em novembro do ano passado, no funeral da esposa e ex-primeira-dama
Rosalynn Carter, morta aos 96 anos. Ele chegou à igreja Glenn Memorial, em
Atlanta, na Geórgia, numa cadeira de rodas, com o semblante abatido. Eles eram
casados desde 1946.
Carter sentou-se à primeira fila, ao
lado do presidente Joe Biden, do ex-presidente Bill Clinton e de cinco
primeiras-damas e ex-primeiras-damas vivas dos Estados Unidos — Jill Biden,
Laura Bush, Hillary Clinton, Michelle Obama e Melania Trump —, assim como os 11
netos e 14 bisnetos do casal.
Rosalynn morreu “em paz, com sua
família a seu lado”, na residência do casal em Plains, na Geórgia, como
informou em nota a fundação que administra a imagem e o legado do
ex-presidente.
Trajetória
Nascido e criado na Geórgia por uma
tradicional família fazendeira, Carter foi governador e senador, por dois
mandatos, de seu estado. Depois dos cargos, foi eleito para a Casa Branca pelo
Partido Democrata, em 1976. Antes de ingressar na política, cuidou da fazenda
da família, dedicada à plantação de amendoins, e foi oficial da Marinha
mercante.
Apesar da trajetória, o ex-presidente
não era visto como parte da política e era considerado um “outsider”, pela
falta de ligações e contatos em Washington. A campanha vitoriosa de 1976
surpreendeu os próprios democratas.
O contexto da eleição se mostrou
favorável à eleição de Carter. No início da década de 1970, os Estados Unidos
foram tomados pelo escândalo de Watergate — série de vazamentos relacionados à
corrupção que levaram à renúncia do então presidente Richard Nixon, do Partido
Republicano.
Essas circunstâncias geraram descrédito
da política entre a população norte-americana. Soma-se ao episódio envolvendo
os republicanos o fim da guerra do Vietnã, cuja retirada das tropas foi um
processo traumático para país, o que aumentou o desgaste na sociedade.
Ativismo
Após deixar a Casa Branca, Carter focou
a atuação em trabalhos voluntários, como a construção de casas populares, e
manteve a voz simbólica dentro do Partido Democrata. Foi reconhecido pela
atuação em defesa dos direitos humanos e, com a esposa, Rosalynn, fundou o The
Carter Center, que promove a democracia, a paz e a saúde em todo o mundo.
Em reconhecimento a esses esforços,
Carter recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2002. Na época, o comitê da premiação
destacou os “esforços infatigáveis em prol de uma solução pacífica dos
conflitos internacionais, da democracia, dos direitos humanos e do desenvolvimento
econômico e social”.
Em 2019, à época com 95 anos, chegou a
defender uma “idade limite” para a candidatura à Presidência dos Estados
Unidos.
“Mesmo que eu tivesse apenas 80 anos —
fosse 15 anos mais jovem —, não acredito que poderia assumir os deveres que
assumi quando fui presidente. Você precisa ser muito flexível, capaz de mudar
de um assunto para outro, concentrar-se adequadamente em cada um deles e depois
reuni-los de maneira abrangente. Eu tenho tido dificuldades para andar — então
penso que já passou o tempo de me envolver ativamente na política, ainda mais
em uma corrida à presidência”, declarou.
Por: R7