Segunda-feira, 21 de julho-(07) de 2025
Matéria do PBAGORA
Um artigo publicado pelo jornal norte-americano
The Washington Post acusou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de
praticar uma forma de “bullying” diplomático contra o Brasil, ao ameaçar
relações bilaterais em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. A análise aponta
que a estratégia, em vez de enfraquecer o governo Lula, está fortalecendo
politicamente o presidente brasileiro.
O texto
relembra que, há cerca de 50 anos, outro presidente dos EUA, Jimmy Carter,
marcou um ponto de virada ao romper com o apoio incondicional a ditaduras
militares na América Latina, incluindo o regime brasileiro, ao defender os
direitos humanos. Agora, sob Trump, os papéis se inverteram: os EUA estariam se
opondo ao Judiciário brasileiro e apoiando uma ala política que reverencia o
autoritarismo militar.
A reportagem
destaca que Trump impôs neste mês uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros,
a ser aplicada a partir de agosto, em uma medida incomum, já que os Estados
Unidos mantêm superávit na balança comercial com o Brasil. O gesto, segundo o
jornal, foi interpretado como retaliação direta ao avanço dos processos
judiciais contra Bolsonaro e seus aliados.
Além das tarifas,
o governo Trump revogou vistos do ministro Alexandre de Moraes e de seus
familiares, e exigiu o encerramento das investigações contra Bolsonaro — ações
que, segundo o Washington Post, ferem a credibilidade dos EUA na defesa da
democracia.
“Diplomatas
americanos, em privado, demonstram incerteza sobre os méritos da ação. ‘É
difícil conceber uma atitude que a administração Trump poderia tomar na relação
EUA-Brasil que fosse mais prejudicial à credibilidade americana na promoção da
democracia do que sancionar um ministro da Suprema Corte de outro país
simplesmente porque não gostamos das decisões dele”, disse um funcionário do
Departamento de Estado, sob condição de anonimato para discutir deliberações
internas’ diz trecho do artigo.
A matéria ainda
expõe que a campanha de pressão foi intensificada por Eduardo Bolsonaro, que
vive atualmente nos EUA e atua como lobista do pai junto ao governo americano.
Ele chegou a publicar vídeos nos jardins da Casa Branca, demonstrando
proximidade com a gestão Trump.
Ainda conforme o
colunista Ishaan Taroor, apesar da ofensiva, o efeito tem sido inverso: a
popularidade de Lula cresce, especialmente entre setores econômicos antes mais
alinhados à oposição. Ele citou o editorial d’O Estadão que afirma que há dois
caminhos distintos: “o do Brasil e o de Bolsonaro”.
“Um diplomata
brasileiro sênior, sob condição de anonimato por não estar autorizado a
comentar publicamente o caso, afirmou que as instituições democráticas do
Brasil e seu Judiciário independente não são moedas de troca a serem negociadas
em uma barganha trumpista. Bolsonaro e seus aliados ‘conseguiram o que
procuraram – uma ameaça severa contra o país inteiro e sua economia – e agora,
não apenas parte de seus eleitores, mas especialmente o que antes era seu forte
apoio no setor financeiro e empresarial, está se voltando contra ele’, disse o
diplomata. ‘O Papai Noel chegou mais cedo para o presidente Lula, e o presente
foi enviado por Trump, por meio de um ataque desastrado à soberania brasileira
para proteger um aspirante a ditador e um perdedor evidente'” prosseguiu o
diplomata em contato com o Post.
Leia a matéria
completa em inglês, no link:
Por: PBAGORA