Segunda-feira, 21 de julho-(07) de 2025
Trem é fabricado pela CRRC Changchun,
uma das divisões da CRRC, a maior fabricante no mundo, e foi apresentado
durante congresso mundial do setor
Em 2026 deve entrar em operação comercial na China o CR450, trem
desenvolvido para alcançar 450 km/h de velocidade máxima e 400 km/h de média.
Foi o que informou
Wang Lei, projetista-chefe da CRRC Changchun, uma das divisões da CRRC, a maior
fabricante no mundo, em meio à exposição dos veículos durante o congresso
mundial do setor, semana passada em Pequim.
São dois protótipos, CR450AF e CR450BF, de subsidiárias diferentes
da estatal chinesa. Seu desenvolvimento começou há sete anos, para atualizar e
inovar sobre os atuais CR400, que têm 400 km/h de velocidade máxima e 350 km/h
de média.
Wang calcula que uma viagem entre Pequim e Xangai, a principal
linha no país, passará a demorar pouco mais de três horas, contra as atuais
quatro horas e 18 minutos, naquela com menos paradas.
O novo trem não
requer troca dos trilhos atuais. Em números do final do ano passado, a rede de
ferrovias de alta velocidade alcançou 48 mil quilômetros na China, 70% do total
mundial. A projeção é chegar a 50 mil quilômetros no final deste ano. Só nos
últimos cinco anos, foram acrescentados mais de 10 mil.
Entre outros avanços
citados por Li Yongheng, diretor de tecnologia de equipamentos do Ministério da
Ciência e Tecnologia da Informação, a segurança estrutural do CR450 é maior e a
distância de frenagem é menor em alta velocidade.
Houve diminuição
de cerca de 10% no peso do trem e de 20% no consumo de energia. O ruído interno
foi mantido no nível do CR400, apesar da velocidade média maior, com redesenho
estrutural dos vagões e materiais de redução de barulho.
Na apresentação,
os protótipos haviam acabado de encerrar seis meses de testes em linhas de
Pequim e Wuyi. Agora partem para nova temporada, em que devem completar 600 mil
quilômetros cada um.
Trens que ‘voam’ atraem a atenção
Na exposição,
outros dois protótipos chineses disputaram os cliques das câmeras com o CR450AF
e o CR450BF. Sem prazo para entrar em operação e ainda sem nome, eles não
estavam nem sequer em trilhos, mas suspensos em plataformas, isolados.
São maglev, trens
de levitação magnética, que exigem infraestrutura própria e que, no caso dos
protótipos da CRRC, teriam alcançado velocidade máxima de 600 km/h –superior à
velocidade de decolagem de jatos comerciais.
Segundo Shao Nan,
engenheiro sênior da CRRC Changchun, eles vão ocupar o nicho de mercado entre
os trens de alta velocidade e a aviação comercial, conectando cidades separadas
por até 2.000 quilômetros. Entre Pequim e Xangai, seriam duas horas e meia.
Shao não deu prazo
para a entrada em operação. O modelo não deve ser confundido com os trens
maglev hoje em uso demonstrativo no país, inclusive com linha em Pequim, de
velocidade menor. Nem com o maglev “hyperloop”, de projetados 1.000 km/h, ainda
mais distante.
A rede chinesa de
trens de alta velocidade e seus novos modelos foram apresentados no congresso
mundial do setor como trunfos na estratégia do país para os vizinhos e outros
clientes pelo mundo.
Os destaques
estrangeiros foram autoridades de Uzbequistão e Quirguistão, na Ásia Central,
Indonésia e Laos, no Sudeste Asiático, Mongólia e Arábia Saudita. Embora o
Brasil já tenha projetado uma linha de trem-bala entre São Paulo e Rio, o país
não foi citado no evento.
Pela parte
chinesa, o vice-primeiro-ministro Zhang Guoqing abriu o congresso enfatizando
“o fortalecimento da cooperação”, prometendo “compartilhar os avanços” e
“posicionar as ferrovias de alta velocidade como infraestrutura chave na
construção da Iniciativa Cinturão e Rota”.
Chamou a atenção o
protagonismo do Banco de Exportação e Importação da China (Cexim). Seu
executivo-chefe de risco, que concentra a aprovação de projetos da Iniciativa,
destacou o financiamento de 4.000 quilômetros de ferrovias de velocidade comum
fora da China –da Hungria, na União Europeia, a Bangladesh, no Sul da Ásia, e o
Quênia, na África.
Por: Folhapress

