Sábado, 09 de abril-04 de 2022
Funcionários passam por
treinamento de cinco meses, que envolve manuseio de armas, explosivos, corrida,
lutas e aulas de conduta
Treinamento de servidores que
realizam a segurança presidencial CLAUBER CAETANO/PR - ARQUIVO
Pessoal, transporte, alimentação, salário: nos últimos 11 anos,
o cidadão brasileiro pagou mais de R$ 127 milhões com gastos relativos à
segurança de presidentes
da República, vices e familiares. As cifras foram obtidas pela
reportagem no Portal da Transparência do Governo
Federal e são relativas às despesas liquidadas, ou seja,
quando os serviços foram prestados e pagos. De 2011 a 2021, foram gastos R$
127.376.282,16 com a segurança presidencial.
Somente no primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT), foram
liquidados R$ 60.332.122,10. Depois, no segundo mandato, que durou cerca de um
ano e meio, R$ 17.980.613,81. Michel Temer (MDB), que assumiu a presidência em
agosto de 2016 após o impeachment da
petista, usou R$ 16.988.694,15. Já Jair Bolsonaro, até 2021, liquidou R$
30.074.851,90. Para 2022, já estão liquidados R$ 2.411.980,92.
Art/R7 - 8/4/2022
A segurança presidencial é realizada pelo GSI (Gabinete de
Segurança Institucional). Para isso, a pasta utiliza agentes de seguranças pessoal
e de instalações, além de seus recursos materiais.
As ações são divididas em três áreas: segurança imediata (em que
atua de forma mais próxima ao presidente), aproximada e afastada.
O sistema de segurança compreende planejamento, coordenação e
execução e pode envolver órgãos federais, estaduais e municipais. Além disso,
mediante ordem do presidente, pode incluir integrantes das Forças Armadas
(Exército, Marinha e Aeronáutica).
Os candidatos passam por cinco meses de treinamento antes de
participar da equipe de segurança. A capacitação dos funcionários envolve
condicionamento físico, manuseio de armas e explosivos, corrida, lutas e aulas
de conduta.
Em uma das partes do treinamento, os funcionários passam por um
simulador, onde é reproduzido o trajeto do comboio presidencial. Todos os
veículos são enfileirados com batedores em motos ao redor, em sincronia.
No campo, são previstas emboscadas
a ideia é reproduzir um
ataque à comitiva com uma reação extrema, que conta com disparos de fuzil e
pistolas 9 mm em uma ação que dura três minutos ininterruptos de tiros,
granadas de fumaça roxa, vermelha e branca e um dublê na figura do presidente.
Em 2019, o ministro
Augusto Heleno, que comanda atualmente o GSI e já trabalhou
na segurança dos ex-presidentes Fernando Collor e Itamar Franco, afirmou que os
profissionais que compõem o comboio presidencial acabam sendo "uma mistura
de Batman, Superman e Mandrake" — isso por causa da rotina com
diversificadas atividades.
As indicações para compor o
comboio presidencial são feitas, normalmente, pelas chefias das forças
auxiliares — como PF (Polícia Federal), PRF (Polícia Rodoviária Federal) e Abin
(Agência Brasileira de Inteligência).
O R7 procurou a
Presidência da República para falar sobre os gastos, mas não obteve retorno até
a publicação desta reportagem.
Por: Plínio Aguiar, do R7, em
Brasília