Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2016.
Ademir Auada foi
preso às 5h desta quinta-feira (28) no Aeroporto de Guarulhos (SP). Ele estava
no Panamá e era procurado pela Polícia Federal desde quarta (27), quando a 22ª
fase da Operação Lava Jato foi deflagrada. Havia um mandado de prisão contra
ele.
Ele chegou à
superintendência da PF, em Curitiba, por volta das 14h. A prisão dele é temporária
e vence daqui cinco dias, podendo ser prorrogada pelo mesmo período, caso o a
Justiça considere necessário.
Dois mandados de
prisão refrentes à 22ª etapa da Lava Jato ainda não foram cumpridos.
Prisões
Três pessoas foram presas na quarta-feira. Elas foram encaminhadas para
a PF na capital paranaense ainda na quarta e nesta manhã fizeram o exame de
corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML). O procedimento é prática comum
após a prisão e durou cerca de 20 minutos. Após o exame, Nelci Warken, Ricardo
Honório Neto, Renata Pereira Brito voltaram para a carceragem. Todos eles têm
prisão temporária em vigor e o prazo vence no domingo (1º).
Os mandados de prisão
que ainda não foram cumpridos são contra Maria Mercedes Riano Quijano e Luis
Fernando Hernandez Rivero. A PF informou que sabia antes da deflagração da
operação que Maria Mercedes e Ademir Auada, preso nesta manhã, se encontravam
no exterior.
Já Luiz Hernandez
Ribeiro teria residência em São Paulo, mas não foi localizado pelos agentes. O
prazo da prisão temporária deles só passa a contar a partir do momento em forem
detidos efetivamente.
22ª
fase
Esta nova fase da operação investiga a abertura de offshores (empresas
no exterior) e a compra de apartamentos no Condomínio Solaris em Guarujá (SP)
para lavar dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras.
A empresa Mossack
Fonseca, sediada no Panamá, é investigada por abrir uma offshore (Murray
Holdings) que assumiu a propriedade de um dos imóveis para esconder os reais
donos.
Entre os crimes
investigados na atual fase estão corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem
de dinheiro. Oitenta policiais participam da ação.
Ricardo Honório Neto
é o sócio da representação brasileira da Mossack, que tem sede em São Paulo. Já
Renata Pereira Brito, segundo o MPF é funcionária de confiança da Mossack no
Brasil. Nelci Warken, por sua vez, é apontada como responsável por um tríplex
no Condomínio Solaris, embora ele tivesse sido transferido para a Murray.
Maria Mercedes e Luis
Hernandez Rivero são apontados pelas investigações como administradores de fato
da Mossack no Brasil. Já Ademir Auada aparece como responsável pela Murray
Holdings junto à Mossack Fonseca. Além da Murray Holdings, ele era responsável
por pelo menos outras 18 off-shores, conforme o MPF.
Mossack
Fonseca
No despacho em que autorizou as prisões, o juiz Sérgio Moro destacou que
várias off-shores constituídas por intermédio da Mossack Fonseca foram
utilizadas em esquemas de lavagem de dinheiro apurados por outras etapas da
investigação de desvios na Petrobras.
Como exemplo, cita
offshores controladas pelo ex-diretor da estatal Renato Duque, o ex-gerente da
Petrobras Pedro Barusco, e o operador Mário Góes. Todos já foram condenados e
ainda respondem a outros processos derivados da Lava Jato.
“Teriam utilizado as
referidas off-shores para abertura de contas no exterior através das quais
ocultaram e dissimularam produto do crime de corrupção no esquema criminoso da
Petrobras”, afirmou o juiz.
Família
de Vaccari pagou por apartamento
O despacho do juiz Sérgio Moro sobre esta fase da Lava Jato diz que uma
cunhada de Vaccari, Marice Correa de Lima, pagou R$ 200 mil por um apartamento
em construção no Solaris, até 2012. No ano seguinte, desistiu do negócio e
recebeu como devolução da OAS R$ 430 mil.
Além disso, a mulher
de João Vaccari Neto, Giselda Rousie de Lima, declarou à Receita Federal ser
proprietária da unidade 43 no empreendimento. Mas, segundo o MPF, outra pessoa
aparece como proprietária: Sueli Falsoni Cavalcante, que é empregada da OAS.
Vaccari, que já
presidiu a Bancoop, foi preso pela Lava Jato em 2015 e está detido na Região
Metropolitana de Curitiba. O G1 tentou contato telefônico com o advogado Luiz
Flávio Borges D'Urso, que representa o ex-tesoureiro, porém, a ligação foi
direcionada para a caixa postal.
O advogado da OAS,
Edward Carvalho, disse que a busca e apreensão na empresa “foi desnecessária” e
que as informações poderiam ter sido pedidas antes pela PF.
Triplex
que foi de Lula
De acordo com o jornal "O Globo", um triplex do condomínio
Solaris pertenceu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o MPF, o
caso ainda é investigado.
Em depoimento ao
Ministério Público de São Paulo no ano passado, dois funcionários do Solaris
afirmaram que viram Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia visitando a
reforma do triplex 164A. A investigação do MP de São Paulo é independente da
Lava Jato.
Por meio da
assessoria de imprensa, o Instituto Lula afirmou que o ex-presidente e Marisa
Letícia "jamais ocultaram" que a ex-primeira-dama possui cota de um
empreendimento no Guarujá e que essa cota foi adquirida da extinta Bancoop.
Disse ainda que as informações foram prestadas à Receita Federal.
G1