Quinta-feira, 19 de setembro-(09) de 2024
Governo considerou o retorno do
horário de verão devido à seca que o Brasil enfrenta; decisão final deve ser
tomada nos próximos 10 dias
![]() |
(Foto: José Cruz/Agência Brasil) |
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou nesta
quinta-feira (19) que o Operador Nacional do Sistema (ONS) recomendou o retorno
do horário de verão por razões de “prudência”. O relatório elaborado
pelo ONS foi entregue ao ministro durante uma reunião no Rio de Janeiro.
Silveira afirmou que a recomendação será discutida com os técnicos do MME
(Ministério de Minas e Energia), representantes dos setores econômicos e demais
especialistas do governo. A decisão será tomada nos próximos dez dias. As informações são do R7, parceiro nacional do Portal
Correio.
“Foi recomendado
pelo ONS um indicativo de que é prudente e viável a retomada do horário de
verão, apontado como importante. Ouvi de todas as áreas e saio com o documento
que é apenas um indicativo da necessidade da decretação do horário de verão”,
afirmou o ministro.
A decisão, segundo
Silveira, será baseada em estudos técnicos e em evidências científicas. Ele
também mencionou que ainda não está convencido da necessidade de reimplantar o
horário de verão, levando em consideração a transversalidade da medida.
“[O estudo]
demonstrou que o horário de verão tem grau de economicidade e aumenta a
confiabilidade no momento de necessidade de energia de ponta, entre 18h e 21h.
Mas, considerando que não faltará energia no Brasil, devido ao planejamento,
quero buscar outros instrumentos de maior resiliência ou maior confiabilidade
antes de decretar. No entanto, adianto que, antes de ser decretado, haverá um
tempo de planejamento para que os setores se adequem.”
O ministro também
afirmou que, apesar de não haver risco de crise energética para 2024, é
importante monitorar a situação de perto. Segundo ele, o governo tem tempo
suficiente para tomar uma decisão com calma.
Silveira também
criticou a suspensão da medida, o que considerou um instrumento de segurança
energética, e que o fim do horário de verão em 2021 levou o Brasil à beira de
um colapso em 2021, como resultado, ele mencionou a necessidade de um
empréstimo de mais de 5 bilhões devido à escassez hídrica. “Na época, a conta
de energia subiu mais de 20% porque vivíamos um período de negacionismo no
país, além do abandono das políticas públicas”, afirmou.
Horário de
verão
Quando a medida
chegou ao fim, em 2019, a avaliação era de que a política pública não cumpria
mais o propósito para o qual tinha sido desenhada, já que os hábitos de consumo
de energia dos brasileiros mudaram. No horário de verão os relógios eram
adiantados em uma hora para reduzir o consumo de energia elétrica,
especialmente nos horários de pico. Um dos intuitos era aproveitar mais a luz
do dia.
A economia de
energia com a medida chegava a 5% no horário de pico. Mas nos últimos anos do
horário de verão, essa economia estava em queda. Em 2013, a economia tinha sido
de R$ 405 milhões, mas em 2016 caiu para R$ 159,5 milhões.
De acordo com
estudo do ONS, a adoção da medida gera um resultado neutro, já que o horário de
pico da energia mudou para o meio da tarde, quando muitos aparelhos de
ar-condicionado em empresas estão ligados.
No horário de
verão, também se observa um maior uso de climatizadores na madrugada. “Nestas
análises, não identificou economia significativa de energia, pois a redução
observada no horário da ponta noturna, ou seja, das 18h às 21h, é compensada
pelo aumento do consumo em outros períodos do dia, especialmente no início da
manhã. Além disso, pelas prospecções realizadas, não teria impacto sobre o
atendimento à potência, pois o horário de verão não afeta o consumo no período
da tarde quando se observa a maior demanda do dia. Sendo assim, os ganhos em
termos de benefícios relevantes para o Sistema Interligado Nacional são
reduzidos”, diz o estudo.
Vantagens
para bares e turismo
Entidades ligadas
aos setores de bares e turismo veem vantagens econômicas com o horário de
verão. Como uma hora a mais de luminosidade natural, as pessoas tendem a
aproveitar mais tempo em nos estabelecimentos.
Segundo a Abrasel
(Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), o horário de verão favorece o
consumo e a frequência de clientes nos estabelecimentos, além de trazer mais
movimento e segurança às cidades de modo geral.
A Associação
Comercial de São Paulo solicitou ao governo no fim de 2023 a retomada neste ano
do horário de verão. Segundo a associação, a medida permite vantagens para
aliviar a demanda de energia durante horário de pico e para diminuir custos de
produção e distribuição de energia.
Mudanças nos
hábitos de sono
Um argumento usado
contra o horário de verão é a interferência no relógio biológico das pessoas.
Um estudo da Universidade de British Columbia, nos Estados Unidos, apontou que
os acidentes de trânsito aumentam 8% no dia seguinte à implantação do horário
de verão.
Um estudo feito no
Brasil pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo concluiu que o
corpo humano precisa de ao menos 14 dias para se adaptar ao novo horário. “Apesar
de haver uma suposta economia de energia elétrica no período de vigência do
horário de verão, a mudança brusca de horários é um grande desafio temporal que
gera diversos problemas de saúde associados a distúrbios de sono e
comportamentais como desânimo”, explica o estudo.
Uma outra
pesquisa, publicada na revista Annals of Human Biology, mostrou que 54,57% dos
entrevistados relataram sentir algum desconforto devido ao horário de verão.
Como era o
horário de verão
O horário de verão
foi usado pela primeira vez no Brasil em 1931, e em 2008 passou a ser uma
medida permanente. Todos os anos, a mudança no horário era a partir do primeiro
domingo do mês de novembro até o terceiro domingo do mês de fevereiro do ano
seguinte.
A medida valia
para Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro,
Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito
Federal.
Por: R7