Quarta-feira, 30 de Março de 2016.
Ela passou por cesárea na Maternidade Peregrino Filho, em Patos. Meses
depois, a adolescente percebeu inchaço na barriga e começou a sentir dores. No
Trauma de CG, os médicos encontraram uma gaze na barriga dela.
Caso aconteceu na
Maternidade Peregrino Filho, em Patos
Uma adolescente de 17 anos
teve parte do intestino retirado durante uma cirurgia para reparar um possível
erro médico cometido em um parto cesárea realizado na Maternidade Doutor
Peregrino Filho, no município de Patos, a 317 km de João Pessoa. Segundo ela, a
equipe médica da maternidade teria deixado uma gaze compressiva dentro da
barriga dela após o parto. A unidade de saúde disse ao Portal Correio que
vai abrir uma sindicância para apurar o caso.
De acordo com familiares
da adolescente, ela teria ido à maternidade para dar à luz no mês de novembro.
Na unidade, ela passou por uma cesariana e, dias depois, recebeu alta sem se
queixar de dores pós-parto.
“Os
problemas de saúde começaram cerca de um mês após a cesariana. Ela veio passar
um tempo com a gente e se queixava de sentir um lado da barriga maior que o
outro. Após dois meses da cirurgia ela sentia muitas dores do lado direito da
barriga, que começou a ficar vermelha”, contou um familiar.
Com o
quadro ficando mais grave, a família decidiu retornar com a adolescente para a
maternidade em Patos. No local, ela recebeu atendimento e iniciou tratamento
com antibióticos, mas as dores não passavam. Além disso, o local da cirurgia
começou a abrir.
Ainda na
maternidade, a jovem passou por exames de imagem que, segundo o relato dos
médicos a família, não mostravam nenhuma anormalidade.
“Os
médicos sempre me diziam que estava tudo bem, tanto em exames feitos na
maternidade como feitos em clínicas particulares. Mas eu não acreditava porque
escutava alguns funcionários dizendo que havia algo errado. Contei a minha
família e eles decidiram me tirar da maternidade, mesmo contra a ordem médica.
Sai de lá sem que os médicos me dessem transferência e viemos para o Hospital
de Emergência e Trauma em Campina Grande”, contou a adolescente.
Em
Campina, ela disse que passou por um exame de tomografia, no qual os médicos
constataram uma "massa estranha" dentro da barriga da adolescente.
Com os
exames, os médicos do Trauma decidiram fazer uma cirurgia, neste mês de março,
para remover a massa. Segundo os familiares da adolescente, durante a cirurgia,
os médicos constataram que a massa estranha era uma gaze compressiva que,
possivelmente, havia sido deixada no corpo dela durante a cesariana.
“Como a
compressa estava perfurando o intestino dela e o local estava muito
infeccionado, os médicos tiveram que retirar parte do órgão. Ela passou oito
dias tomando antibióticos no Trauma e recebeu alta, mas voltou três dias depois
porque ainda estava com dores”, contou um familiar.
Após a
segunda internação no Trauma, ela recebeu alta médica e está na casa dos
familiares, no município de Cacimba de Areia, que fica na região de Patos.
Agora, a
família buscou um advogado e vai entrar com um processo contra a maternidade
pelo possível erro médico. “A gente vai buscar a Justiça, não apenas pela
reparação dos danos, mas para que outras pessoas não passem pelo que ela
passou. Não tem lógica uma mulher estar com uma gaze na barriga e os médicos da
maternidade, analisando exames de imagem, não constatarem o fato. Ela ainda não
se alimenta direito, além de estar passando por outros problemas de saúde”,
afirmou o familiar.
Em casa,
a adolescente voltou a cuidar do filho, mesmo que limitadamente por conta da
cirurgia. “Não percebi que tinha algo errado porque nunca havia sido mãe e
pensava que as dores eram normais. Tive parte do intestino retirado por causa
desse erro na minha cesariana. Precisei passar um mês longe do meu filho por
causa dos problemas de saúde que eu tive. Não quero que outras mulheres passem
pelas dificuldades que eu passei”, afirmou a adolescente.
Em nota,
a assessoria de comunicação da maternidade alegou que uma sindicância vai ser
aberta para apurar o caso.
"A
direção da Maternidade Dr. Peregrino Filho, de Patos, imediatamente após tomar
conhecimento do teor da denúncia que envolve a jovem instaurou sindicância para
apurar o fato relatado. O diretor geral da Maternidade, Odir Borges Pereira
Filho, que examinou a paciente em janeiro deste ano esclarece que, na ocasião,
foi solicitado novos exames, além da ultrassonografia que foi feita, mas os
familiares da jovem preferiram transferir a paciente antes que eles pudessem
ser realizados", diz a nota.
Por Halan Azevedo com
colaboração de Patos Online.